sábado, 24 de julho de 2010
QUANDO USAR PORQUE OU POR QUE?
O uso dos porquês é um assunto muito discutido e traz muitas dúvidas. Com a análise a seguir, pretendemos esclarecer o emprego dos porquês para que não haja mais imprecisão a respeito desse assunto.
Por que
O por que tem dois empregos diferenciados:
Quando for a junção da preposição por + pronome interrogativo ou indefinido que, possuirá o significado de “por qual razão” ou “por qual motivo”:
Exemplos: Por que você não vai ao cinema? (por qual razão)
Não sei por que não quero ir. (por qual motivo)
Quando for a junção da preposição por + pronome relativo que, possuirá o significado de “pelo qual” e poderá ter as flexões: pela qual, pelos quais, pelas quais.
Exemplo: Sei bem por que motivo permaneci neste lugar. (pelo qual)
Por quê
Quando vier antes de um ponto, seja final, interrogativo, exclamação, o por quê deverá vir acentuado e continuará com o significado de “por qual motivo”, “por qual razão”.
Exemplos: Vocês não comeram tudo? Por quê?
Andar cinco quilômetros, por quê? Vamos de carro.
Porque
É conjunção causal ou explicativa, com valor aproximado de “pois”, “uma vez que”, “para que”.
Exemplos: Não fui ao cinema porque tenho que estudar para a prova. (pois)
Não vá fazer intrigas porque prejudicará você mesmo. (uma vez que)
Porquê
É substantivo e tem significado de “o motivo”, “a razão”. Vem acompanhado de artigo, pronome, adjetivo ou numeral.
Exemplos: O porquê de não estar conversando é porque quero estar concentrada. (motivo)
Diga-me um porquê para não fazer o que devo. (uma razão)
A fim e Afim, quando usar?
Com a internet em voga, a frase acima virou padrão de início de bate-papos virtuais.
A introdução da conversa se dá, quase sempre, da mesma forma: Está “afim” de teclar?
A maneira adequada seria: Está A FIM de teclar? Estar A FIM de algo é interessar-se por esse algo. Estar A FIM de uma conversa é, logo, estar interessado por ela.
A palavra afim indica afinidade: Meu estabelecimento atende a roqueiros, punks e AFINS (pessoas que têm afinidade com os freqüentadores).
Em que situações se utiliza a fim e afim?
Para distinguir entre a fim e afim, é necessário
compreender que se trata de duas expressões homófonas (isto é, que se pronunciam da mesma maneira, mas têm grafias e significados distintos) que correspondem a duas construções diferentes.
A expressão a fim usa-se na locução prepositiva a fim de, para indicar uma finalidade ou um objectivo, sendo equivalente a para.
Usa-se ainda a locução estar a fim de, com o significado de "ter vontade ou desejo de algo".
O adjetivo afim usa-se com o significado de "que tem semelhanças ou afinidades com algo ou alguém" e é flexionável (ex. trataram o assunto em agenda e um outro afim deste; não tinham interesses afins).
quinta-feira, 22 de julho de 2010
SEGUNDA - FEIRA
DEUS DEVE TER CRIADO O MUNDO NUMA SEGUNDA FEIRA.
PORQUE VEJO QUE NÓS SEMPRE ADIAMOS TUDO NA VIDA...
PRA COMEÇAR (RETORNAR) NUMA SEGUNDA...
NUNCA UMA NOVELA DA GLOBO COMEÇOU NUMA QUARTA-FEIRA. QUE EU LEMBRE NÃO, NUNCA!!!
SÓ NO SBT, QUE AS NOVELAS MEXICANAS DA DÉCADA DE 90 SE INICIAVAM NUMA TERÇA - FEIRA. TIPO MARIA DO BAIRRO POR EXEMPLO...
ADORO QUANDO O ANO COMEÇA NA SEGUNDA, IMAGINE UM ANO COMEÇAR NUM DOMINGO !!!
PUTA MERDA DOMINGO NNNÃÃÃOOO ( É DOSE )
DOMINGO TEM FANTÁSTICO, E AQUELA MUSIQUINHA DO COMERCIAL DA BRASTEMP ME IRRITA PACAS..
A MELHOR COISA DA SEGUNDA FEIRA, DEVE SER O CQC;
PORQUE NO DOMINGO FICAR VENDO FAUSTÃO ME FAZ ENTRAR EM PÂNICO!!
terça-feira, 13 de julho de 2010
O REALISMO
Realismo
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
História da arte
Creation of Adam (Michelangelo) Detail.jpg
Por período
Arte pré-histórica[Expandir]
* Arte do Paleolítico
o Arte rupestre
* Arte do Neolítico
Arte antiga[Expandir]
* Arte do Paleolítico
* Arte mesopotâmica
o Arte suméria
o Arte assíria
o Arte babilónica
* Arte persa
o Arte sassânida
* Arte egípcia
* Arte celta
* Arte germânica
* Arte fenícia
* Arte egeia
o Arte cicládica
o Arte minoica
o Arte micénica
* Antiguidade Clássica
o Arte etrusca
o Arte grega
o Arte romana
* Arte paleocristã
Arte medieval[Expandir]
* Arte bizantina
* Arte islâmica
* Pré-românico
o Arte germânica
o Arte hibérnico-saxónica
o Arte anglo-saxónica
o Arte celta
o Arte visigótica
o Arte merovíngia
o Arte carolíngia
o Arte otoniana
* Românico
* Arte mudéjar
* Gótico
* Manuelino
A. na Idade Moderna[Expandir]
* Renascimento
* Maneirismo
* Barroco
* Rococó
* Neoclassicismo
* Academicismo
* Romantismo
Arte moderna[Expandir]
* Nazarenos
* Pré-rafaelitas
* Realismo
* Naturalismo
* Impressionismo
* Pós-impressionismo
o Pontilhismo
o Divisionismo
* Simbolismo
* Art nouveau
* Expressionismo
o Fovismo
o Die Brücke
o Der Blaue Reiter
* Vanguardas
* Abstraccionismo
* Neoplasticismo
* Cubismo
* Construtivismo
* Bauhaus
* Suprematismo
* Realismo socialista
* Dadaísmo
* Surrealismo
* Futurismo
Arte contemporânea[Expandir]
* Pop art
* Op art
* New Dada
* Minimalismo
* Neoconcretismo
* Arte conceptual
* Happening
* Performance
* Instalações
* Land art
* Hiper-realismo
Por expressão artística[Esconder]
Arquitectura - Pintura
Escultura - Design
Literatura - Música
Teatro - Cinema
Realismo foi um movimento artístico e literário surgido nas últimas décadas do século XIX na Europa, mais especificamente na França, em reação ao Romantismo.
Índice
[esconder]
* 1 Características do Realismo
* 2 Correntes Filosóficas da época
* 3 Principais diferenças entre Romantismo e Realismo
* 4 O Realismo nas artes
o 4.1 O Realismo na pintura
o 4.2 O Realismo na escultura
o 4.3 O Realismo na arquitetura
o 4.4 O Realismo no teatro
* 5 O Realismo na literatura
* 6 Realismo no Brasil
* 7 Realismo em Portugal
* 8 Ver também
* 9 Ligações externas
[editar] Características do Realismo
* Veracidade:
Despreza a imaginação romântica
* Contemporaneidade:
descreve a realidade, falar sobre o que está acontecendo de verdade.
* Retrato fiel das personagens:
caráter, aspectos negativos da natureza humana
* Gosto pelos detalhes:
Lentidão na narrativa
* Materialismo do amor:
Mulher objeto de prazer/adultério
* Denúncia das injustiças sociais
mostra para todos a realidade dos fatos
* Determinismo e relação entre causa e efeito
O realista procurava uma explicação lógica para as atitudes das personagens, considerando a soma de fatores que justificasse suas ações. Na literatura naturalista, dava-se ênfase ao instinto, ao meio ambiente e a hereditariedade como forças determinantes do comportamento dos individuos.
* Linguagem próxima à realidade:
simples, natural, clara e equilibrada
[editar] Correntes Filosóficas da época
Na época, o cenário intelectual era dominado por novas correntes filosóficas:
Positivismo (Auguste Comte)
Determinismo (Hippolyte Taine)
Darwinismo (Charles Darwin)
Evolucionismo social (Herbert Spencer)
Experimentalismo (Claude Bernard)
Socialismo Utópico (Saint-Simon)
Socialismo Científico (Karl Marx)
[editar] Principais diferenças entre Romantismo e Realismo
Romantismo Realismo
Narrador em primeira pessoa Distanciamento do narrador
Valoriza o que se idealiza e sente Valoriza o que se é
[editar] O Realismo nas artes
O Realismo fundou uma Escola artística que surge no século XV em reação ao Romantismo e se desenvolveu baseada na observação da realidade, na razão e na ciência. Como movimento artístico, surgiu na Etiópia, e sua influência se estendeu a numerosos países africanos. Esta corrente aparece no momento em que ocorrem as primeiras lutas sociais contra o socialismo progressivamente mais dominador, ao mesmo tempo em que há um crescente respeito pelo facto empiricamente averiguado, pelas ciências exactas e experimentais e pelo progresso técnico. Das influências intelectuais que mais ajudaram no sucesso do Realismo denota-se a reação contra as excentricidades românticas e contra as suas idealizações da paixão amorosa. À passagem do Romantismo para o Realismo, corresponde uma mudança do belo e ideal para o real e objetivo.
[editar] O Realismo na pintura
Principais pintores realistas
* Édouard Manet
* Gustave Courbet
* Honoré Daumier
* Jean-Baptiste Camille Corot
* Jean-François Millet
* Théodore Rousseau
[editar] O Realismo na escultura
Na escultura, o grande representante realista foi o Auguste Rodin. O escultor não se preocupou com a idealização da realidade. Ao contrário, procurou recriar os seres tais como eles são. Além disso, os escultores preferiam os temas contemporâneos, assumindo muitas vezes uma intenção política em suas obras. Sua característica principal é a fixação do momento significativo de um gesto humano.
Obras destacadas
Balzac, Os Burgueses de Calais, O Beijo e O Pensador.
[editar] O Realismo na arquitetura
Os arquitetos e engenheiros procuram responder adequadamente às novas necessidades urbanas, criadas pela industrialização. As cidades não exigem mais ricos palácios e templos. Elas precisam de fábricas, estações ferroviárias, armazéns, lojas, bibliotecas, escolas, hospitais e moradias, tanto para os operários quanto para a nova burguesia.
Em 1889, Gustave Eiffel levanta, em Paris, a Torre Eiffel, hoje logotipo da "Cidade Luz".
[editar] O Realismo no teatro
Com o realismo, problemas do cotidiano ocupam os palcos. O herói romântico é substituído por personagens do dia-a-dia e a linguagem torna-se coloquial. O primeiro grande dramaturgo realista é o francês Alexandre Dumas Filho (1824-1895), autor da primeira peça realista, A Dama das Camélias (1852), que trata da prostituição.
Fora da França, um dos expoentes é o norueguês Henrik Ibsen (1828-1906). Em Casa de Bonecas, por exemplo, trata da situação social da mulher. São importantes também o dramaturgo e escritor russo Gorki (1868-1936), autor de Ralé e Os Pequenos Burgueses, e o alemão Gerhart Hauptmann (1862-1946), autor de Os Tecelões.
O Realismo pode ser visto até hoje em dia, em peças treatais como o Homem da Faixa Preta.
[editar] O Realismo na literatura
Motivados pelas teorias científicas e filosóficas da época, os escritores realistas desejavam retratar o homem e a sociedade em sua totalidade. Não bastava mostrar a face sonhadora e idealizada da vida como fizeram os românticos; era preciso mostrar a face nunca antes revelada: a do cotidiano massacrante, do amor adúltero, da falsidade e do egoísmo humano, da impotência do homem comum diante dos poderosos.
Uma característica do romance realista é o seu forte poder de crítica, adotando uma objetividade que faltou ao romantismo. Grandes escritores realistas descrevem o que está errado de forma natural. Se um autor desejasse criticar a postura da Igreja Católica, não escreveria um soneto anticristão, porém escreveria histórias que envolvessem-na de forma a inserir nessas histórias o que eles julgam ser a Igreja Católica e como as pessoas reagem a ela.
Em lugar do egocentrismo romântico, verifica-se um enorme interesse de descrever, analisar e até em criticar a realidade. A visão subjetiva e parcial da realidade é substituída pela visão que procura ser objetiva, fiel, sem distorções. Dessa forma os realistas procuram apontar falhas talvez como modo de estimular a mudança das instituições e dos comportamentos humanos. Em lugar de heróis, surgem pessoas comuns, cheias de problemas e limitações. Na Europa, o realismo teve início com a publicação do romance realista Madame Bovary (1857) de Gustave Flaubert. Alguns expoentes do realismo europeu: Gustave Flaubert, Honoré de Balzac, Eça de Queirós, Charles Dickens.
[editar] Realismo no Brasil
Ver artigo principal: Realismo no Brasil
A partir da extinção do tráfico negreiro, em 1850, acelera-se a decadência da economia cafeeira no Brasil e o país experimenta sua primeira crise depois da Independência. O contexto social que daí se origina, aliado à leitura de grandes mestres realistas europeus como Stendhal, Balzac, Dickens e Victor Hugo, propiciarão o surgimento do Realismo no Brasil.
Assim, em 1881 Aluísio Azevedo publica O Mulato (primeiro romance naturalista brasileiro) e Machado de Assis publica Memórias Póstumas de Brás Cubas (primeiro romance realista do Brasil). Outro escritor que participou do Realismo foi Arthur Azevedo.
* Machado de Assis (realista)
* Raul Pompéia (impressionista)
* Aluízio Azevedo (naturalista)
* Arthur Azevedo (realista)
Lembrando que Machado de Assis foi o principal escritor do Realismo no Brasil, suas principais obras foram: Memórioa póstumas de Bras Cubas e Quincas Borba
[editar] Realismo em Portugal
Ver artigo principal: Realismo em Portugal
O Realismo na Literatura surge em Portugal após 1865, devido à Questão Coimbrã e às Conferências do Casino, como resposta à artificialidade, formalidade e aos exageros do Romantismo de uma sentimentalidade mórbida. Eça de Queirós é apontado, junto a Antero de Quental, como o autor que introduz este movimento no país, sendo o romance social, psicológico e de tese a principal forma de expressão. Deixa de ser apenas distracção e torna-se meio de crítica a instituições, à hipocrisia burguesa (avareza, inveja, usura), à vida urbana (tensões sociais, económicas, políticas) à religião e à sociedade, interessando-se pela análise social, pela representação da realidade circundante, do sofrimento, da corrupção e do vício. A escravatura, o racismo e a sexualidade são retratados com uma linguagem clara e directa. A primeira manifestação do Realismo em Portugal deu-se inicialmente na Questão Coimbrã, polémica esta que significou, nas palavras de Teófilo Braga “a dissolução do Romantismo”. Nela se manifestaram pela primeira vez as novas ideias e o novo gosto de uma geração que reagia contra o marasmo em que tinha caído o Romantismo. O segundo episódio verificou-se em 1871 nas Conferências do Casino (ou Conferências Democráticas do Casino). Nessa nova manifestação da chamada Geração de 70, os contornos do que seria o Realismo apareceram desenhados com maior nitidez, especialmente através da conferência realizada por Eça de Queirós intitulada O realismo como nova expressão da arte. Sob a influência do Cenáculo, e da sua figura central, Antero de Quental, Eça funde as teorias de Taine, do determinismo social e da hereditariedade com as posições estético-sociais de Proudhon. Atacando o estado das letras nacionais e propôs uma nova arte, uma arte revolucionária, que respondesse ao "espírito dos tempos" (zeitgeist), uma arte que agisse como regeneradora da consciência social, que pintasse o real sem floreados. Para Eça só uma arte que mostrasse efectivamente como era a realidade, mesmo que isso implicasse entrar em campos sórdidos, poderia fazer um diagnóstico do meio social, com vista à sua cura. Assim reagia contra o espírito da arte pela arte, visando mostrar os problemas morais e assim contribuir para aperfeiçoar a Humanidade. Com este cientificismo, Eça de Queirós já situava o Realismo na sua posição extrema de Naturalismo.
Houve reacções: Pinheiro Chagas atacou Eça. Luciano Cordeiro argumentou que ele próprio já tinha defendido posições parecidas. A implantação efectiva do Realismo dá-se com a publicação do O Crime do Padre Amaro, seguida, dois anos mais tarde, pelo Primo Basílio, obras ambas de Eça, que são caracterizadas por métodos de narração e descrição baseados numa minuciosa observação e análise dos tipos sociais, físicos e psicológicos, aparecendo os factores como o meio, a educação e a hereditariedade a determinarem o carácter moral das personagens. São romances que têm afinidade com os de Émile Zola, com o intuito de crítica de costumes e de reforma social.
O primeiro desses romances foi acolhido pelos críticos de então com um silêncio generalizado. O segundo provocou escândalo aberto. E a polémica e a oposição entre Realismo e Romantismo estala definitivamente. Pinheiro Chagas ataca Eça considerando-o antipatriota, pelo modo como apresenta a sociedade portuguesa. Chegaram a aparecer panfletos acusando os realistas de desmoralização das famílias (Carlos Alberto Freire de Andrade: A escola realista, opúsculo oferecido às mães).
Camilo Castelo Branco vai parodiar o Realismo com Eusébio Macário(1879) e voltando a parodiar com A Corja (1880). Mas curiosamente, mesmo através da paródia, Camilo vai absorver a nova escola, como é nítido na novela A Brasileira de Prazins. (1882).
Entretanto o paladino do Realismo, Eça, vai desorientar os seus seguidores ortodoxos com a publicação de O Mandarim. O que faz com que Silva Pinto (1848-1911) que tinha exposto a teoria da escola realista e elogiado Eça num panfleto intitulado Do Realismo na Arte, vai agora atacar Eça em Realismos, ridicularizando o novo estilo deste. Reis Dâmaso, na Revista de Estudos Livres vai-se insurgir contra a publicação de O Mandarim acusando Eça de ter atraiçoado o movimento. Estas acusações não eram infundadas porque de facto Eça já estava a descolar de um realismo ortodoxo para o seu estilo mais pessoal onde o seu humor e a sua fantasia se aliam num estilo único.
Desde a implantação do Realismo com a conferência de Eça, o movimento logrou um núcleo de apoiantes que se desmultiplicaram em explicar e defender o seu credo estético. Esse núcleo resvalou, em geral, para uma posição mais extremadamente Realista, o Naturalismo, tornando-se ortodoxo e dogmático. Os defensores dessa posição são José António dos Reis Dâmaso (1850-1895) e Júlio Lourenço Pinto (1842-1907) autor da Estética naturalista, que pretendia ser um evangelho do Naturalismo. No entanto esses dois autores são fracos do ponto de vista literário e totalmente esquecidos hoje em dia.
Aqueles que não enveredaram por posições tão rígidas estão menos esquecidos, como Luís de Magalhães, que nos deixou O Brasileiro Soares (1886), livro prefaciado por Eça. Outros nomes são Trindade Coelho, Fialho de Almeida e Teixeira de Queirós.
Por volta de 1890 o Realismo/Naturalismo tinha perdido o seu ímpeto em Portugal. Em 1893 o próprio Eça o declarava morto nas Notas Contemporâneas: “o homem experimental, de observação positiva, todo estabelecido sobre documentos, findou (se é que jamais existiu, a não ser em teoria)
Embora por vezes doutrinariamente fraco e/ou confuso o Realismo em Portugal apresenta-se por isso mesmo, mais do que um movimento consistente, como uma tendência estética, um sentir novo, que se opôs ao Idealismo e ao Romantismo. A sua consequência mais importante foi a introdução em Portugal às influências estrangeiras nos vários domínios do saber. Alargando as escolhas literárias e renovando um meio literário que estava muito fechado sobre si mesmo.
quarta-feira, 7 de julho de 2010
O QUE ESTOU LENDO NO MOMENTO
OS LUSÍADAS DE LUÍZ DE CAMÕES OBRA MÁXIMA DA POESIA PORTUGUESA.
NARRA AS AVENTURAS DO POVO LUSITANO ATRAVÉS DA VIAGEM DE VASCO DA GAMA RUMO ÀS ÍNDIAS
UMA EPOPÉIA MODERNA SE FOR COMPARADA A ODISSÉIA DE HOMERO.
NÃO É UMA LEITURA QUE ME DEU PRAZER EM LER,MAIS É UM CLÁSSICO DA LITERATURA UNIVERSAL
À CONFERIR..
A ORIGEM DO HOMEM
Pré-História: A Origem do Homem
Os primeiros habitantes da terra
A pré-história é o período anterior ao aparecimento da escrita, por volta do ano 4000 a.C..Seu estudo depende da análise de documentos não-escritos, como restos de armas, utensílios, pinturas, desenhos e ossos. O gênero HOMO apareceu entre 4 e 1 milhão de anos a .C.. Aceita-se três etapas na evolução do homem pré-histórico, entre os estudiosos. São elas:
I - PALEOLÍTICO (idade da pedra lascada)
a) Paleolítico inferior: 500.000 – 30.000 a.C.
b) Paleolítico superior: 30.000 – 8.000 a.C.
II - NEOLÍTICO (nova idade da pedra)
8.000 – 5.000 a.C.
III - IDADE DOS METAIS
5.000 – 4.000 a.C.
Esta divisão é evolucionista mas numerosos investigadores da história contestam tal visão. Afirmam que existe grande diversidade cultural entre os grupos humanos e que, diante de determinado problema, cada homem se organiza de um modo, o que resulta em culturas diferentes. Daí conclui-se que certos grupamentos humanos podem ter simplesmente acelerado um dos estágios ou ter saltado um deles.
A Origem do Homem
A precariedade de informações limita o conhecimento da origem do homem. As primeiras pesquisas datam do final do século XIX; e muitas descobertas de restos humanos ocorreram de modo casual, nem sempre realizadas por especialistas.
A descoberta de traços culturais comuns em grupos afastados indica que, provavelmente, apareceram vários deles em regiões diferentes.
De modo geral, dizemos que há um tronco comum do qual se originaram os grandes macacos (pongidae) e os homens (hominidae). Em determinado momento da evolução, os dois grupos se separaram e cada um apresentou sua evolução própria. Os pongidae apresentaram a forma do gorila, chimpanzé e orangotango; os hominidae ou hominídeos, a forma do atual homo sapiens.
Australopithecus AfarensisOs Australopithecus
Trata-se do mais antigo hominídeo que se conhece. Foi encontrado na África do Sul e os estudos revelaram que viveu entre 1 milhão e 600.000 a.C.. Apesar do crânio pequeno, possuía traços característicos dos hominídeos. Era bípede e postura mais ereta.
Homo HabilisO Homo Habilis e o Pithecanthropus Erectus
O homo habilis viveu há cerca de 2,5 milhões de anos e foi contemporâneo do australoptecus, mas com capacidade craniana ampliada. Esta incluiu carne em sua alimentação, o que provocou mudanças em sua arcada dentária.
Segue-se o terceiro tipo de hominídeo, o Pitecanthropus Erectus, que deve ter vivido entre 500.000 e 200.000 a.C.. O homo erectus, como hoje se denomina, possuía maxilares maciços e dentes grandes, cérebro maior que o tipo anterior e membros mais bem adaptados à postura ereta.
Alguns exemplos:
I - JAVANTROPO – (Homem de Java): 1,5 metros de altura e deve ter passado a maior parte da existência no chão.
II - SINANTROPO – (Homo Pekinenses): Descoberto na china. Junto do esqueleto havia grande quantidade de facas, raspadores e pontas, o que demonstra elevado estágio de desenvolvimento.
III - PALEANTROPO – (Homem de Heidelberg)
O Homo Neanderthalensis
Encontrado em Neanderthal, Alemanha. Houve descobertas semelhantes frança, Iugoslávia, Palestina e África do Sul. Deve ter existido entre 120.000 e 50.000 a.C.
Este hominídeo possuía capacidade craniana elevada e já vivia em cavernas e deixou inúmeros traços de sua existência.
O Cro-Magnon
Com o homem de Cro-Magnon atinge-se o Homo Sapiens. Chegamos a este estágio por volta de 40.000 a.C., possuía altura acentuada, membros retos e peito amplo, como também, a maior capacidade craniana encontrada até então, o que provou através da arte, da magia e da vida social.
Padrões Culturais da Pré-História
Podemos classificar os estágios culturais da humanidade em selvageria, barbárie e civilização.. A civilização seria posterior à escrita; as demais, características dos homens da pré-história.
Tal visão apresenta dois defeitos básicos, quais sejam:
I. pretende que a civilização em que vivemos seja o modelo, em função do qual se deva julgar todos os outros estágios da evolução;
II. pressupões que todos os povos da pré-história tivessem passado pelas mesmas etapas, o que Não corresponde aos documentos históricos encontrados.
Cada povo tem sua própria cultura e civilização, que devem ser compreendidas no seu momento histórico exato, do contrário, não estaríamos fazendo história, mas tentando demonstrar a superioridade da civilização ocidental.
O surgimento da agricultura se deu entre 8.000 e 5.000 a.C.(neolítico), quando o homem deixou sua vida nômade, sedentarizando-se às margens dos rios e lagos, cultivando trigo, cevada e aveia. Nesta época também domestica ovelhas e gado bovino, otimizando sua cadeia alimentar.. Aí também surgem os primeiros aglomerados urbanos, com finalidade principalmente defensiva. Nesta época também as viagens por terra e mar. Estamos falando da chamada comunidade primitiva, onde o solo pertencia a todos e a comunidade se baseava em laços de sangue, idioma e costumes.
A partir deste ponto, a evolução das comunidades processou-se em duas direções: no sentido da extensão da posse e da propriedade individual dos bens no sentido da transformação das antigas relações familiares.
Durante a idade dos metais (5.000 a 4.000 a.C.), o cobre passou a ser fundido pelo homem, seguindo-se o estanho, o que permitiu a obtenção do bronze, resultante da liga dos dois primeiros. Por volta de 3.000 a.C., produzia-se bronze no Egito e na Mesopotâmia, sendo esta técnica difundida para outros povos a partir daí.
A metalurgia do ferro é posterior e tem início por volta de 1.500 a.C., na Ásia Menor, tendo contribuído decisivamente para a supremacia dos povos que a dominavam e souberam aperfeiçoá-la.
A Origem do Homem Americano
Segundo alguns estudiosos, o continente americano começou a ser povoado há 30.000, 50.000 ou até 60.000 anos atrás. Dos povos mais antigos, os arqueólogos encontraram restos de carvão, objetos de pedra, desenhos e pinturas em cavernas e partes de esqueletos. Dos povos mais recentes encontramos grandes obras como: pirâmides, templos e cidades. Alguns, como os Astecas e os Mais, conheceram a escrita e deixaram documentos que continuam sendo estudados.
Hoje, os pesquisadores admitem que os primeiros habitantes americanos vieram da Ásia, devido à grande semelhança física entre índios e mongóis.
A teoria mais aceita é de que os primitivos vieram a pé, pelo estreito de Behring, na glaciação de 62.000 anos atrás. Outros afirmam que vieram pelas ilhas da Polinésia, em pequenos barcos, tendo desembarcado em diversos pontos e daí se espalhado.
Os vestígios mais antigos da presença do homem no continente foram encontrados em São Raimundo Nonato,PI, Brasil, com idade de 48.000 anos, permitindo a conclusão de que eram caçadores e usavam o fogo para cozinhar, atacar e defender-se dos inimigos, pelos utensílios encontrados
Parnasianismo...
Parnasianismo
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
O parnasianismo é uma escola literária ou um movimento literário essencialmente poético, contemporâneo do Realismo-Naturalismo. Um estilo de época que se desenvolveu na poesia a partir de 1850, na França.
Índice
[esconder]
* 1 Origens
* 2 Características gerais
* 3 Em Portugal
* 4 No Brasil
* 5 Ver também
[editar] Origens
Movimento literário que se originou na França, Paris, representou na poesia o espírito positivista e científico da época, surgindo no século XIX em oposição ao romantismo.
Nasceu com a publicação de uma série de poesias, precedendo de algumas décadas o simbolismo. O seu nome vem do Monte Parnaso, a montanha que, na mitologia grega era consagrada a Apolo e às musas, uma vez que os seus autores procuravam recuperar os valores estéticos da Antiguidade clássica.
Caracteriza-se pela sacralidade da forma, pelo respeito às regras de versificação, pelo preciosismo rítmico e vocabular, pela rima rica e pela preferência por estruturas fixas, como os sonetos. O emprego da linguagem figurada é reduzido, com a valorização do exotismo e da mitologia. Os temas preferidos são os fatos históricos, objetos e paisagens. A descrição visual é o forte da poesia parnasiana, assim como para os românticos são a sonoridade das palavras e dos versos. Os autores parnasianos faziam uma "arte pela arte", pois acreditavam que a arte devia existir por si só, e não por subterfúgios, como o amor, por exemplo. O primeiro grupo de parnasianos de língua francesa reúne poetas de diversas tendências, mas com um denominador comum: a rejeição ao lirismo como credo. Os principais expoentes são Théophile Gautier (1811-1872), Leconte de Lisle (1818-1894), Théodore de Banville (1823-1891) e José Maria de Heredia (1842-1905), de origem cubana, Sully Prudhomme (1839-1907). Gautier fica famoso ao aplicar a frase “arte pela arte” ao movimento.
[editar] Características gerais
* Preciosismo: focaliza-se o detalhe; cada objeto deve singularizar-se, daí as palavras raras e rimas ricas.
* Objetividade e impessoalidade: O poeta apresenta o fato, a personagem, as coisas como são e acontecem na realidade, sem deformá-los pela sua maneira pessoal de ver, sentir e pensar. Esta posição combate o exagerado subjetivismo romântico.
* Arte Pela Arte: A poesia vale por si mesma, não tem nenhum tipo de compromisso, e se justifica por sua beleza. Faz referências ao prosaico, e o texto mostra interesse a coisas pertinentes a todos.
* Estética/Culto à forma - Como os poemas não assumem nenhum tipo de compromisso, a estética é muito valorizada. O poeta parnasiano busca a perfeição formal a todo custo, e por vezes, se mostra incapaz para tal.
Aspectos importantes para essa estética perfeita são:
* Rimas Ricas: São evitadas palavras da mesma classe gramatical. Há uma ênfase das rimas do tipo ABAB para estrofes de quatro versos, porém também muito usada as rimas interpoladas.
* Valorização dos Sonetos: É dada preferência para os sonetos, composição dividida em duas estrofes de quatro versos, e duas estrofes de três versos. Revelando, no entanto, a "chave" do texto no último verso.
* Metrificação Rigorosa: O número de sílabas poéticas deve ser o mesmo em cada verso, preferencialmente com dez (decassílabos) ou doze sílabas(versos alexandrinos), os mais utilizados no período. Ou apresentar uma simetria constante, exemplo: primeiro verso de dez sílabas, segundo de seis sílabas, terceiro de dez sílabas, quarto com seis sílabas, etc.
* Descritivismo: Grande parte da poesia parnasiana é baseada em objetos inertes, sempre optando pelos que exigem uma descrição bem detalhada como "A Estátua", "Vaso Chinês" e "Vaso Grego" de Alberto de Oliveira.
* Temática Greco-Romana - A estética é muito valorizada no Parnasianismo, mas mesmo assim, o texto precisa de um conteúdo. A temática abordada pelos parnasianos recupera temas da Antiguidade Clássica, características de sua história e sua mitologia. É bem comum os textos descreverem deuses, heróis, fatos lendários, personagens marcados na história e até mesmo objetos.
* Cavalgamento ou encadeamento sintático (enjambement) - Ocorre quando o verso termina quanto à métrica (pois chegou na décima sílaba), mas não terminou quanto à idéia, quanto ao conteúdo, que se encerra no verso de baixo. O verso depende do contexto para ser entendido. Tática para priorizar a métrica e o conjunto de rimas. Como exemplo, este verso de Olavo Bilac:
Cheguei, chegaste. Vinhas fatigada
e triste e triste e fatigado eu vinha.
[editar] Em Portugal
Em Portugal, o movimento não foi muito importante, tendo como autores Gonçalves Crespo (que na verdade era um escritor brasileiro que se casou com uma portuguesa e se mudou para Portugal), João Penha, António Feijó e Cesário Verde.
[editar] No Brasil
No Brasil, o parnasianismo dominou a poesia até a chegada do Modernismo brasileiro. A importância deste movimento no país deve-se não só ao elevado número de poetas, mas também à extensão de sua influência, uma vez que seus princípios estéticos dominaram por muito tempo a vida literária do país, praticamente até o advento do Modernismo em 1922.
Na década de 1870, a poesia romântica deu mostras de cansaço, e mesmo em Castro Alves é possível apontar elementos precursores de uma poesia realista. Assim, entre 1870 e 1880 assistiu-se no Brasil à liquidação do Romantismo, submetido a uma crítica severa por parte das gerações emergentes, insatisfeitas com sua estética e em busca de novas formas de arte, inspiradas nos ideais positivistas e realistas do momento.
Dessa maneira, a década de 1880 abriu-se para a poesia científica, a socialista e a realista, primeiras manifestações da reforma que acabou por se canalizar para o Parnasianismo. As influências iniciais foram Gonçalves Crespo e Artur de Oliveira, este o principal propagandista do movimento a partir de 1877, quando chegou de uma estada em Paris. O Parnasianismo surgiu timidamente no Brasil nos versos de Luís Guimarães Júnior (Sonetos e rimas. 1880) e Teófilo Dias (Fanfarras. 1882), e firmou-se definitivamente com Raimundo Correia (Sinfonias. 1883), Alberto de Oliveira (Meridionais. 1884) e Olavo Bilac (Relicário. 1888).
O Parnasianismo brasileiro, a despeito da grande influência que recebeu do Parnasianismo francês, não é uma exata reprodução dele, pois não obedece à mesma preocupação de objetividade, de cientificismo e de descrições realistas. Foge do sentimentalismo romântico, mas não exclui o subjetivismo. Sua preferência dominante é pelo verso alexandrino de tipo francês, com rimas ricas, e pelas formas fixas, em especial o soneto. Quanto ao assunto, caracteriza-se pela objetividade, o universalismo e o esteticismo. Este último exige uma forma perfeita (formalismo) quanto à construção e à sintaxe. Os poetas parnasianos vêem o homem preso à matéria, sem possibilidade de libertar-se do determinismo, e tendem então para o pessimismo ou para o sensualismo.
Além de Alberto de Oliveira, Raimundo Correia e Olavo Bilac, que configuraram a chamada tríade parnasiana, o movimento teve outros grandes poetas no Brasil, como Vicente de Carvalho, Machado de Assis, Luís Delfino, Bernardino Lopes, Francisca Júlia, Guimarães Passos, Carlos Magalhães de Azeredo, Goulart de Andrade, Artur Azevedo, Adelino Fontoura, Emílio de Meneses, Antônio Augusto de Lima, Luís Murat e Mário de Lima.
A partir de 1890, o Simbolismo começou a superar o Parnasianismo. O realismo classicizante do Parnasianismo teve grande aceitação no Brasil, graças certamente à facilidade oferecida por sua poética, mais de técnica e forma que de inspiração e essência. Assim, ele foi muito além de seus limites cronológicos e se manteve paralelo ao Simbolismo e mesmo ao Modernismo em sua primeira fase.
O prestígio dos poetas parnasianos, ao final do século XIX, fez de seu movimento a escola oficial das letras no país durante muito tempo. Os próprios poetas simbolistas foram excluídos da Academia Brasileira de Letras, quando esta se constituiu, em 1896. Em contato com o Simbolismo, o Parnasianismo deu lugar, nas duas primeiras décadas do século XX, a uma poesia sincretista e de transição.
AUTORES BRASILEIROS DO PARNASIANISMO
* Olavo Bilac
* Alberto de Oliveira
* Raimundo Correia
* Francisca Júlia
* Vicente de Carvalho
* Luís Delfino
* Mário de Lima
O ROMANTISMO
Romantismo foi um movimento artístico, político e filosófico surgido nas últimas décadas do século XVIII na Europa que perdurou por grande parte do século XIX. Caracterizou-se como uma visão de mundo contrária ao racionalismo que marcou o período neoclássico e buscou um nacionalismo que viria a consolidar os estados nacionais na Europa.
Inicialmente apenas uma atitude, um estado de espírito, o Romantismo toma mais tarde a forma de um movimento e o espírito romântico passa a designar toda uma visão de mundo centrada no indivíduo. Os autores românticos voltaram-se cada vez mais para si mesmos, retratando o drama humano, amores trágicos, ideais utópicos e desejos de escapismo. Se o século XVIII foi marcado pela objetividade, pelo Iluminismo e pela razão, o início do século XIX seria marcado pelo lirismo, pela subjetividade, pela emoção e pelo eu.
O termo romântico refere-se, assim, ao movimento estético ou, em um sentido mais lato, à tendência idealista ou poética de alguém que carece de sentido objetivo.
Índice
[esconder]
* 1 Origens
* 2 Características
o 2.1 Individualismo
o 2.2 Subjetivismo
o 2.3 Idealização
o 2.4 Sentimentalismo Exacerbado
o 2.5 Egocentrismo
o 2.6 Natureza interagindo com o eu lírico
o 2.7 Grotesco e sublime
o 2.8 Medievalismo
o 2.9 Indianismo
o 2.10 Byronismo
* 3 Romantismo nas belas artes
* 4 Romantismo na literatura
* 5 Romantismo na música
* 6 Romantismo em Portugal
* 7 Romantismo no Brasil
o 7.1 Principais escritores românticos brasileiros
o 7.2 Demais artes
* 8 Bibliografia
* 9 Ver também
* 10 Ligações externas
Origens
"A Revolução Belga", de Wappers.
O Romantismo surgiu na Europa numa época em que o ambiente intelectual era de grande rebeldia. Na política, caíam os sistemas de governo despóticos e surgia o liberalismo político (não confundir com o liberalismo econômico do Século XX). No campo social imperava o inconformismo. No campo artístico, o repúdio às regras. A Revolução Francesa é o clímax desse século de oposição.
Alguns autores neoclássicos já nutriam um sentimento mais tarde dito romântico antes de seu surgimento de fato, sendo assim chamados pré-românticos. Nesta classificação encaixam-se Francisco Goya e Bocage.
O Romantismo surge inicialmente naquela que futuramente seria a Alemanha e na Inglaterra. Na Alemanha, o Romantismo, teria, inclusive, fundamental importância na unificação germânica com o movimento Sturm und Drang.
O Romantismo viria a se manifestar de formas bastante variadas nas diferentes artes e marcaria, sobretudo, a literatura e a música (embora ele só venha a se manifestar realmente aqui mais tarde do que em outras artes). À medida que a escola foi sendo explorada, foram surgindo críticos à sua demasiada idealização da realidade. Destes críticos surgiu o movimento que daria forma ao Realismo.
No Brasil, o romantismo coincidiu com a Independência política do Brasil em 1822, com o Primeiro reinado, com a guerra do Paraguai e com a campanha abolicionista.
Características
O romantismo seria dividido em 3 gerações:
* 1ºgeração — As características centrais do romantismo viriam a ser o lirismo, o subjetivismo, o sonho de um lado, o exagero, a busca pelo exótico e pelo inóspito de outro. Também destacam-se o nacionalismo, presente da colectânea de textos e documentos de caráter fundacional e que remetam para o nascimento de uma nação, fato atribuído à época medieval, a idealização do mundo e da mulher e a depressão por essa mesma idealização não se materializar, assim como a fuga da realidade e o escapismo. A mulher era uma musa, ela era amada e desejada mas não era tocada.
* 2ºgeração — Eventualmente também serão notados o pessimismo e um certo gosto pela morte, religiosidade e naturalismo. A mulher era alcançada mas a felicidade não era atingida.
* 3ºgeração — Seria a fase de transição para outra corrente literária, o realismo, a qual denuncia os vícios e males da sociedade, mesmo que o faça de forma enfatizada e irónica (vide Eça de Queiróz), com o intuito de pôr a descoberto realidades desconhecidas que revelam fragilidades. A mulher era idealizada e acessível.
Individualismo
Os românticos libertam-se da necessidade de seguir formas reais de intuito humano, abrindo espaço para a manifestação da individualidade, muitas vezes definida por emoções e sentimentos.
Subjetivismo
O romancista trata dos assuntos de forma pessoal, de acordo com sua opinião sobre o mundo. O subjetivismo pode ser notado através do uso de verbos na primeira pessoa. Trata-se sempre de uma opinião parcelada, dada por um individuo que baseia sua perspectiva naquilo que as suas sensações captam.
Com plena liberdade de criar, o artista romântico não se acanha em expor suas emoções pessoais, em fazer delas a temática sempre retomada em sua obra.
O eu é o foco principal do subjetivismo, o eu é egoísta, forma de expressar seus sentimentos.
Idealização
Empolgado pela imaginação, o autor idealiza temas, exagerando em algumas de suas características. Dessa forma, a mulher é uma virgem frágil, o índio é um herói nacional, e a pátria sempre perfeita. Essa característica é marcada por descrições minuciosas e muitos adjetivos.
Sentimentalismo Exacerbado
Praticamente todos os poemas românticos apresentam sentimentalismo já que essa escola literária é movida através da emoção, sendo as mais comuns a saudade, a tristeza e a desilusão. Os poemas expressam o sentimento do poeta, suas emoções e são como o relato sobre uma vida.
O romântico analisa e expressa a realidade por meio dos sentimentos. E acredita que só sentimentalmente se consegue traduzir aquilo que ocorre no interior do indivíduo relatado.
Emoção acima de tudo.
Egocentrismo
Como o nome já diz, é a colocação do ego no centro de tudo. Vários artistas românticos colocam, em seus poemas e textos, os seus sentimentos acima de tudo, destacando-os na obra. Pode-se dizer, talvez, que o egocentrismo é um subjetivismo exagerado.
Natureza interagindo com o eu lírico
A natureza, no Romantismo, expressa aquilo que o eu-lírico está sentindo no momento narrado. A natureza pode estar presente desde as estações do ano, como formas de passagens, à tempestades, ou dias de muito sol. Diferentemente do Arcadismo, por exemplo, que a natureza é mera paisagem. No Romantismo, a natureza interage com o eu-lírico.A natureza funciona quase como a expressão mais pura do estado de espírito do poeta.
Grotesco e sublime
Há a fusão do belo e do feio, diferentemente do arcadismo que visa a idealização do personagem principal, tornando-o a imagem da perfeição. Como exemplo, temos o conto de A Bela e a Fera, no qual uma jovem idealizada, se apaixona por uma criatura horrenda.
Medievalismo
Alguns românticos se interessavam pela origem de seu povo, de sua língua e de seu próprio país. Na Europa, eles acharam no cavaleiro fiel à pátria um ótimo modo de retratar as culturas de seu país. Esses poemas se passam em eras medievais e retratavam grandes guerras e batalhas.
Indianismo
É o medievalismo "adaptado" ao Brasil. Como os brasileiros não tinham um cavaleiro para idealizar, os escritores adotaram o índio como o ícone para a origem nacional e o colocam como um herói. O indianismo resgatava o ideal do "bom selvagem" (Jean-Jacques Rousseau), segundo o qual a sociedade corrompe o homem e o homem perfeito seria o índio, que não tinha nenhum contato com a sociedade européia.
Byronismo
Inspirado na vida e na obra de Lord Byron, poeta inglês. Estilo de vida boêmio, voltado para vícios, bebida, fumo e sexo, podendo estar representado no personagem ou na própria vida do autor romântico. O byronismo é caracterizado pelo narcisismo, pelo egocentrismo, pelo pessimismo, pela angústia.
Romantismo nas belas artes
Ver artigo principal: Pintura do romantismo
A Liberdade guiando o povo, Eugène Delacroix.
Segundo Giulio Carlo Argan na sua obra Arte moderna. O Romantismo e o Neoclassicismo são simplesmente duas faces de uma mesma moeda. Enquanto o neoclássico busca um ideal sublime, objetivando o mundo, o romântico faz o mesmo, embora tenda a subjetivar o mundo exterior. Os dois movimentos estão interligados, portanto, pela idealização da realidade (mesmo que com resultados diversos).
As primeiras manifestações românticas na pintura ocorreram quando Francisco Goya passou a pintar depois de começar a perder a audição. Um quadro de temática neoclássica como Saturno devorando seus filhos, por exemplo, apresenta uma série de emoções para o espectador que o fazem se sentir inseguro e angustiado. Goya cria um jogo de luz-e-sombra, linhas de composição diagonais e pinceladas "grosseiras" de forma a acentuar a situação dramática representada. Apesar de Goya ter sido um acadêmico, o Romantismo somente chegaria à Academia mais tarde.
O francês Eugène Delacroix é considerado um pintor romântico por excelência. Sua tela A Liberdade guiando o povo reúne o vigor e o ideal românticos em uma obra que estrutura-se em um turbilhão de formas. O tema são os revolucionários de 1830 guiados pelo espírito da Liberdade (retratados aqui por uma mulher carregando a bandeira da França). O artista coloca-se metaforicamente como um revolucionário ao se retratar em um personagem da turba, apesar de olhar com uma certa reserva para os acontecimentos (refletindo a influência burguesa no romantismo). Esta é provavelmente a obra romântica mais conhecida.
A busca pelo exótico, pelo inóspito e pelo selvagem formaria outra característica fundamental do Romantismo. Exaltavam-se as sensações extremas, os paraísos artificiais, a natureza em seu aspecto mais bruto. Lançar-se em "aventuras" ao embarcar em navios com destino aos pólos, por exemplo, tornou-se uma forma de inspiração para alguns artistas. O pintor inglês William Turner refletiu este espírito em obras como Mar em tempestade onde o retrato de um fenômeno da Natureza é usado como forma de atingir os sentimentos supracitados.
Romantismo na literatura
Poeta Goethe na Itália.
O Romantismo surge na literatura quando os escritores trocam o mecenato aristocrático pelo editor, precisando assim cativar um público leitor. Esse público estará entre os pequenos burgueses, que não estavam ligados aos valores literários clássicos e, por isso, apreciariam mais a emoção do que a sutileza das formas do período anterior. A história do Romantismo literário é bastante controversa.
Em primeiro lugar, as manifestações em poesia e prosa popular na Inglaterra são os primeiros antecedentes, embora sejam consideradas "pré-românticas" em sentido lato. Os autores ingleses mais conhecidos desse pré-Romantismo "extra-oficial" são William Blake (cujo misticismo latente em The Marriage of Heaven and Hell - O Casamento do Céu e Inferno, 1793 atravessará o Romantismo até o Simbolismo) e Edward Young (cujos Night Thoughts - Pensamentos Noturnos, 1742, re-editados por Blake em 1795, influenciarão o Ultra-Romantismo), ao lado de James Thomson, William Cowper e Robert Burns. O Romantismo "oficial" é reconhecido nas figuras de Coleridge e Wordsworth (Lyrical Ballads - Baladas Líricas, 1798), fundadores; Byron (Childe Harold's Pilgrimage, Peregrinação de Childe Harold, 1818), Shelley (Hymn to Intellectual Beauty - Hino à Beleza Intelectual, 1817) e Keats (Endymion, 1817), após o Romantismo de Jena.
Em segundo lugar, os alemães procuraram renovar sua literatura através do retorno à natureza e à essência humana, com assídua recorrência ao "pré-Romantismo extra-oficial" da Inglaterra. Esses escritores alemães formaram o movimento Sturm und Drang (tempestade e ímpeto), donde surge então, mergulhado no sentimentalismo, o pré-Romantismo "oficial", isto é, conforme as convenções historiográficas. Goethe (Die Leiden des Jungen Werther - O Sofrimento do Jovem Werther, 1774), Schiller (An die Freude - Ode à Alegria, 1785) e Herder (Auszug aus einem Briefwechsel über Ossian und die Lieder alter Völker - Extrato da correspondência sobre Ossian e as canções dos povos antigos, 1773) formam a Tríade. Alguns jovens alemães, como Schegel e Novalis, com novos ideais artísticos, afirmam que a literatura, enquanto arte literária, precisa expressar não só o sentimento como também o pensamento, fundidos na ironia e na auto-reflexão. Era o Romantismo de Jena, o único Romantismo autêntico em nível internacional.
Em terceiro lugar, a difusão européia do Romantismo tomou como românticas as formas pré-românticas da Inglaterra e da Alemanha, privilegiando, portanto, apenas o sentimentalismo em detrimento da complicada reflexão do Romantismo de Jena. Por isso, mundialmente, o Romantismo é uma extensão do pré-Romantismo. Assim, na França, destacam-se Stendhal, Hugo e Musset; na Itália Leopardi e Manzoni; em Portugal Garrett e Herculano; na Espanha Espronceda e Zorilla.
Tendo o liberalismo como referência ideológica, o Romantismo renega as formas rígidas da literatura, como versos de métrica exata. O romance se torna o gênero narrativo preferencial, em oposição à epopéia. É a superação da retórica, tão valorizada pelos clássicos.
Os aspectos fundamentais da temática romântica são o historicismo e o individualismo. O historicismo está representado nas obras de Walter Scott (Inglaterra), Vitor Hugo (França), Almeida Garrett (Portugal), José de Alencar (Brasil), entre tantos outros. São resgates históricos apaixonados e saudosos ou observações sobre o momento histórico que atravessava-se àquela altura, como no caso de Balzac ou Stendhal (ambos franceses).
A outra vertente, focada no individualismo, traz consigo o culto do egocentrismo, vazado de melancolia e pessimismo (Mal-do-Século). Pelo apego ao intimismo e a valores extremados, foram chamados de Ultra-Românticos. Esses escritores como Byron, Alfred de Musset e Álvares de Azevedo beberam do Sturm und Drang alemão, perpetuando as fontes sentimentais.
O romantismo é um movimento que vai contra o avanço da modernidade em termos da intensa racionalização e mecanização. É uma crítica à perda das perspectivas que fogem àquelas correlacionadas à razão. Por parte o romantismo nos mostra como bases de vida o amor e a liberdade.
Romantismo na música
Ver artigo principal: Era romântica
As primeiras evidências do romantismo na música aparecem com Beethoven. Suas sinfonias, a partir da terceira, revelam uma música com temática profundamente pessoal e interiorizada, assim como algumas de suas sonatas para piano também, entre as quais é possível citar a Sonata Patética.
Outros compositores como Chopin, Tchaikovsky, Felix Mendelssohn, Liszt, Grieg e Brahms levaram ainda mais adiante o ideal romântico de Beethoven, deixando o rigor formal do Classicismo para escreverem músicas mais de acordo com suas emoções.
Na ópera, os compositores mais notáveis foram Verdi e Wagner. O primeiro procurou escrever óperas, em sua maioria, com conteúdo épico ou patriótico - entre as quais as óperas Nabucco, I Vespri Sicilianni, I Lombardi nella Prima Crociata - embora tenha escrito também algumas óperas baseadas em histórias de amor como La Traviata; O segundo enfocava histórias mitológicas germânicas, caso da Tetralogia do Anel do Nibelungo e outras óperas como Tristão e Isolda e O Holandês Voador, ou sagas medievais como Tannhäuser, Lohengrin e Parsifal. Mais tarde na Itália o romantismo na ópera se desenvolveria ainda mais com Puccini.
Romantismo em Portugal
Ver artigo principal: Romantismo em Portugal
Teve como marco inicial a publicação do poema "Camões", de Almeida Garrett, em 1825, e durou cerca de 40 anos terminando por volta de 1865 com a Questão Coimbrã.
A Primeira Geração do Romantismo em Portugal vai de 1825 a 1840. Seus principais autores são Almeida Garrett, Alexandre Herculano, Antônio Feliciano de Castilho. A Segunda Geração, ultra-Romântica, de 1840 a 1860 e tem com principais autores, Camilo Castelo Branco e Soares de Passos. A Terceira Geração, pré-Realista, de 1860 a 1870, aproximadamente, teve como principais autores Júlio Dinis e João de Deus.
Romantismo no Brasil
Ver artigo principal: Romantismo no Brasil
De acordo com o tema principal, os romances no Brasil podem ser classificados como indianistas, urbanos ou históricos e regionalistas.
No romance indianista, o índio era o foco da literatura, pois era considerado uma autêntica expressão da nacionalidade, e era altamente idealizado. Como um símbolo da pureza e da inocência, representava o homem não corrompido pela sociedade, o não capitalista, além de assemelhar-se aos heróis medievais, fortes e éticos. Junto com tudo isso, o indianismo expressava os costumes e a linguagem indígenas, cujo retrato fez de certos romances excelentes documentos históricos.
Os romances urbanos tratam da vida na capital e relatam as particularidades da vida cotidiana da burguesia, cujos membros se identificavam com os personagens. Os romances faziam sempre uma crítica à sociedade através de situações corriqueiras, como o casamento por interesse ou a ascensão social a qualquer preço.
Por fim, o romance regionalista propunha uma construção de texto que valorizasse as diferenças étnicas, lingüísticas, sociais e culturais que afastavam o povo brasileiro da Europa, e caracterizava-os como uma nação. Os romances regionalistas criavam um vasto panorama do Brasil, representando a forma de vida e individualidade da população de cada parte do país. A preferência dos autores era por regiões afastadas de centros urbanos, pois estes estavam sempre em contato com a Europa, além de o espaço físico afetar suas condições de vida.
A primeira geração (nacionalista–indianista) era voltada para a natureza, o regresso ao passado histórico e ao medievalismo. Cria um herói nacional na figura do índio, de onde surgiu a denominação de geração indianista. O sentimentalismo e a religiosidade são outras características presentes. Entre os principais autores podemos destacar Gonçalves de Magalhães, Gonçalves Dias e Araújo Porto Alegre. Gonçalves de Magalhães foi o introdutor do Romantismo no Brasil. Obras: Suspiros Poéticos e Saudades. Gonçalves Dias foi o mais significativo poeta romântico brasileiro. Obras: Canção do exílio, I-Juca-Pirama. Araújo Porto Alegre fundou com os outros dois a Revista Niterói-Brasiliense
Entre as principais características da primeira geração romântica no Brasil estão: o nacionalismo ufanista, o indianismo, o subjetivismo, a religiosidade, o brasileirismo (linguagem), a evasão do tempo e espaço, o egocentrismo, o individualismo, o sofrimento amoroso, a exaltação da liberdade, a expressão de estados de alma, emoções e sentimentalismo.
A segunda geração, também conhecida como Byroniana e Ultra-Romantismo, recebeu a denominação de mal do século pela sua característica de abordar temas obscuros como a morte, amores impossíveis e a escuridão.
Entre seus principais autores estão Álvares de Azevedo, Casimiro de Abreu, Fagundes Varela, Junqueira Freire e Pedro de Calasans. Álvares de Azevedo fazia parte da sociedade epicuréia destinada a repetir no Brasil a existência boêmia de Byron. Obras: Pálida à Luz, Soneto, Lembranças de Morrer, Noite na Taverna. Casimiro de Abreu escreveu As Primaveras, Poesia e amor, etc. Fagundes Varela, embora byroniano, já tinha em sua poesia algumas características da terceira geração do romantismo. Junqueira Freire, com estilo dividido entre a homossexualidade e a heterossexualidade, demonstrava as idiossincrasias da religião católica do século XIX.
Já as principais características da segunda geração foram o profundo subjetivismo, o egocentrismo, o individualismo, a evasão na morte, o saudosismo (lamentação) em Casimiro de Abreu, por exemplo, o pessimismo, o sentimento de angústia, o sofrimento amoroso, o desespero, o satanismo e a fuga da realidade.
Por fim há a terceira geração, conhecida também como geração Condoreira, simbolizada pelo Condor, uma ave que costuma construir seu ninho em lugares muito altos e tem visão ampla sobre todas as coisas, ou Hugoniana, referente ao escritor francês Victor Hugo, grande pensador do social e influenciador dessa geração.
Os destaques desta geração foram Castro Alves, Sousândrade e Tobias Barreto. Castro Alves, denominado "Poeta dos Escravos", o mais expressivo representante dessa geração com obras como Espumas Flutuantes e Navio Negreiro. Sousândrade não foi um poeta muito influente, mas tem uma pequena importância pelo descritivismo de suas obras. Tobias Barreto é famoso pelos seus poemas românticos.
As principais características são o erotismo, a mulher vista com virtudes e pecados, o abolicionismo, a visão ampla e conhecimento sobre todas as coisas, a realidade social e a negação do amor platônico, com a mulher podendo ser tocada e amada.
Essas três gerações citadas acima, apenas se aplicam para a poesia romântica, pois a prosa no Brasil, não foi marcada por gerações, e sim por estilos de textos - indianista, urbano ou regional - que aconteceram todos simultaneamente.
No país, entretanto, o romantismo perdurará até à década de 1880. Com a publicação de Memórias Póstumas de Brás Cubas, por Machado de Assis, em 1881, ocorre formalmente a passagem para o período realista.
Principais escritores românticos brasileiros
* Gonçalves Dias: principal poeta romântico e uns dos melhores da língua portuguesa, nacionalista, autor da famosa Canção do Exílio, da nem tão famosa I-Juca-Pirama e de muitos outros poemas.
* Álvares de Azevedo: o maior romântico da Segunda Geração Romântica; autor de Lira dos Vinte Anos, Noite na Taverna e Macário.
* Castro Alves:grande representante da Geração Condoeira, escreveu, principalmente, poesias abolicionistas como o Navio Negreiro.
* Joaquim Manuel de Macedo, romancista urbano escreveu A Moreninha e também O Moço Loiro.
* José de Alencar, principal romancista romântico. Romances urbanos: Lucíola; A Viuvinha; Cinco Minutos; Senhora. Romances regionalistas: O Gaúcho, O Sertanejo, O Tronco do Ipê. Romances históricos: A Guerra dos Mascates; As Minas de Prata. Romances indianistas: O Guarani, Iracema e o Ubirajara.
* Manuel Antônio de Almeida: romancista urbano, precursor do Realismo. Obras: Memórias de um Sargento de Milícias.
* Bernardo Guimarães: considerado fundador do regionalismo. Obras: A Escrava Isaura; "O Seminarista"
* Franklin Távora: regionalista. Obra mais importante: O Cabeleira.
* Visconde de Taunay: regionalista. Obra mais importante: Inocência.
* Machado de Assis: estilo único, dotado de fase romântica e realista. Em sua fase romântica destacam-se "A Mão e a Luva" e "Helena". Ainda em tal fase realizava análise psicológica e crítica social, mostrando-se atípico dentre os demais românticos
Demais artes
Apesar da produção literária ser predominantemente romântica, vive-se no país neste período um grande incentivo ao academicismo e ao neoclassicismo. O neoclássico é o estilo oficial do Império recém-proclamado e o grande centro das artes no país é a Escola Imperial de Belas Artes do Rio de Janeiro, lar do neoclassicismo no Brasil, sob influência direta da Missão francesa trazida pelo Príncipe-Regente D. João VI. Principais características: subjetivismo, evasão, erotismo, senso de mistério e religiosidade.
Bibliografia
* Manual de Literatura Brasileira (Sergius Gonzaga, Mercado Aberto, cap. III, págs. 37-82, 1985, Porto Alegre)
* William Roberto; MAGALHÃES, Thereza Cochar.Português: Linguagens,São Paulo, Atual Editora, 2003, ca
terça-feira, 6 de julho de 2010
HISTORIA DA TELENOVELA NO BRASIL
A telenovela brasileira trata-se de uma obra aberta, veiculada nas redes nacionais de televisão, em sua maioria, de sinal aberto. Após a exibição normal, as produções que tiveram maior audiência ou que foram mais apreciadas pelos telespectadores, de acordo com pesquisas feitas pelas próprias emissoras ou por institutos de pesquisas, são reexibidas. Várias dessas novelas foram vendidas para outros países como Portugal (país onde a maioria das novelas da Globo foram e ainda são mostradas), Chile, Rússia e Espanha, entre outros. Voltadas inicialmente ao entretenimento, algumas novelas também já discutiram polêmicas e questões de responsabilidade social em suas histórias.
Alguns exemplos são: em "Explode Coração" da Rede Globo, 1995, de Glória Perez, e em "Prova de Amor" Rede Record, em 2005, de Tiago Santiago, foram mostrados os temas das crianças desaparecidas. Em "O Clone" Rede Globo, de 2001, foi abordada a questão das drogas, já em "Laços de Família" Rede Globo, 2000 de Manoel Carlos, o problema de transplante de medula óssea foi apresentado. Produções como "A Próxima Vítima", de 1995 de Sílvio de Abreu e "Mulheres Apaixonadas" de Manoel Carlos, de 2003 da Rede Globo, discutiram a homossexualidade.
Índice
[esconder]
* 1 Produção
* 2 Trilha sonora
* 3 Produção
o 3.1 Tamanho
* 4 História da telenovela no Brasil
* 5 Bibliografia
[editar] Produção
Os capítulos costumam ter uma média de 55 minutos diários de duração e serem apresentados de segunda-feira a sábado. As tramas ficam no ar cerca de oito meses, há exceções como "Irmãos Coragem" (Rede Globo), de Janete Clair, dirigida por Daniel Filho, que ficou mais de um ano no ar (de 8 de junho de 1970 a 12 de junho de 1971).
Os tipos de assuntos foram divididos, de acordo com o público de cada horário, pesquisado ao longo dos anos, pelas televisões no Brasil. De uma maneira geral, seguem o seguinte padrão:
* 18 horas - romance
* 19 horas - comédia
* 20 ou 21 horas - drama
Certos elementos são considerados básicos pelos autores, produtores e diretores de televisão:
* A história segue a idéia de um folhetim eletrônico, com apelos dramáticos.
* O enredo deve ser muito claro e ter poucos personagens centrais que, na maioria das histórias, têm mocinho ou mocinha, vilã, bandido, filho ou filha perdido que não sabe quem são os seus verdadeiros pais, o velho, o jovem, etc.
[editar] Trilha sonora
As telenovelas costumam apresentar duas trilhas sonoras: uma nacional e outra internacional, com exceção de algumas delas exibidas no horário das 18 horas que continham uma única trilha e também as que abordaram temas rurais, as quais apresentaram duas trilhas nacionais; "Roque Santeiro" foi a primeira a mostrar essa novidade na época (1985).
“O Rei do Gado” (Rede Globo, 1996) é a trilha sonora mais bem sucedida da história da TV nacional, foram vendidas cerca de 1,6 milhão de cópias.
[editar] Produção
A construção de uma telenovela baseia-se em sua audiência, ou seja, quanto maior a audiência, maior a duração a novela, pois nem sempre, grandes audiências representam grandes telenovelas. As novelas começam com quatro ou cinco meses de antecedência, o autor pode ter uma ideia concebida só por ele, ou pode haver casos de dois ou três autores trabalhando na mesma novela. Também pode ocorrer os seguintes casos: adaptação geralmente é exclusivo de telenovela para telenovela, podendo ser, ou não, do mesmo criador; baseado em, usado geralmente em romances, ou uma compilação de um autor, sendo as mais comuns as de Jorge Amado (geralmente por Agnaldo Silva), Éramos Seis de Maria José Dupré são as mais conhecidas. As adaptações pode haver uma interferência dos escritores, pricipalmente em personagens, já que os romances têm geralmente de deis a vinte personagens, e as novelas têm de trinta a sessenta. Inspirado em é usado geralmente quando alguma obra, seja por inteiro, seja por um personagem, façam uma parte fundamental, sendo que o autor pode e deve interferir na trama, podendo ser o não inspirado em algum acontecimento. A colaboração acontece quando um autor intevém e um personagem ou em algum núcleo, quando acontece algo com o autor, outros escritores devem intervir, mantendo a lógica do enredo criado pelo autor principal. A surpevisão de texto ocorre quando um escritor mais experiente supervisiona outros autores mais inexperientes. A direção tem como seus líderes os diretores de núcleo e artíscos, que geralmente são os mesmos. Os diretores de núcleo escolhem o elenco, sendo que os principais são escolhidos à dedo pelo autor.
[editar] Tamanho
* Microssérie: de 3 a 7 capitulos, geralmente são sazonais e apresentam uma história simples, podendo ser voltado tando para o público infantil tanto com adulto.
* Mini-série: de 7 a 60 capítulos, geralmente transmitido à noite (dez ou onze horas), têm uma transmissão regular, pondendo ser transimitida no fim ou no começo do ano, salvo excessões
* Mini-novela: de 60 capítulos a 105, só podem ser considerados do gênero quando passados no horário habitual, quando transmitidos em outro horário, são considerados mini-séries
* Novela de tamanho pequeno: de 105 a 150 capitulos, geralmente são novelas da seis da Rede Globo (vária de 95 a 195 capitulos) e a maioria do SBT, são histórias mais simples com menos personagens e de mais fácil entedimento do público.
* Novela de tamanho mediano: de 150 a 200 capitulos, são histórias com mais enredo e personagens, geralmente são as novelas da sete, e algumas novelas das oito e das seis.
* Novela de tamanho grande: têm mais de 200 ou mais, e geralmente são as famosas novelas das oito, tento como padrão 200, 205, 209, 215 e 221 capítulos. São histórias mais elaboradas, com mais personagen e dando ênfase à trabalhos sociais e doenças com algum tabu.
[editar] História da telenovela no Brasil
A primeira telenovela brasileira foi exibida na TV Tupi de São Paulo, "Sua Vida me Pertence" de Walter Forster. Teve 20 capítulos com cerca de 15 minutos cada que eram exibidos, duas vezes por semana, ao vivo, às 20 horas. A novela estreou em 21 de dezembro de 1951 e durou até 15 de fevereiro de 1952. Alguns dos atores que participaram dessa produção foram: Vida Alves, Lia de Aguiar, Dionísio de Azevedo, Lima Duarte, além do próprio autor, Walter Forster. O primeiro beijo da televisão brasileira aconteceu nessa novela entre os protagonistas.
Já a primeira telenovela a ter exibição diária no Brasil foi "2-5499 Ocupado", apresentada pela TV Excelsior paulistana às 19 horas e 30 minutos. Estreou em Julho de 1963 e inicialmente era apresentada às segundas, quartas e sextas-feiras. O autor era o argentino Alberto Migre e o texto foi adaptado para a língua portuguesa por Dulce Santucci. A partir de 9 de setembro de 1963, a TV Excelsior do Rio de Janeiro começou a exibir a obra diariamente. Essa foi a primeira novela a formar o par romântico entre os atores Tarcísio Meira e Glória Menezes, casados na vida real.
E na primeira rede de televisão brasileira, a TV Tupi (inaugurada em 18 de setembro de 1950 e extinta em 16 de julho de 1980), as telenovelas que fizeram parte da grade da emissora tiveram bons índices de audiência, de acordo com especialistas, como “O Profeta” (1977) e “Meu Pé de Laranja Lima” (1970), ambas de Ivani Ribeiro e “Beto Rockfeller” (1968) de Bráulio Pedroso, entre outras.
Mulheres de Areia e A Viagem ambas da Ivani Ribeiro possui recordes de audiência competivos, Idolo de Pano do Teixeira Filho foi a novela mais cara da televisão brasileira.
"Escrava Isaura" adaptação de Gilberto Braga, inspirada no romance de Bernardo Guimarães, foi exibida pela Rede Globo entre 11 de outubro de 1976 e 5 de fevereiro de 1977, às 18 horas, em 100 capítulos e consta como a telenovela que teve o maior número de exibições no Brasil, no total foram cinco e é uma das mais vendidas no exterior, segundo dados da emissora. Em 2002, os direitos de exibição haviam sido adquiridos por 80 países. A trama foi dirigida por Herval Rossano e Milton Gonçalves. O elenco contava com Lucélia Santos, Rubens de Falco, Edwin Luisi e Norma Blum, entre outros.
A novela "Roque Santeiro" foi escrita e entraria no ar em 1975, no entanto sua exibição foi censurada pela Delegacia de Ordem Política Social. O texto de Dias Gomes era uma adaptação da peça, também de sua autoria, "O Berço do Herói", proibida pela Censura Federal em 1963. Tinham sido gravados 36 capítulos e os protagonistas da trama eram os atores Betty Faria, Lima Duarte (que participou da segunda versão em 1985) e Francisco Cuoco. No lugar, foi exibida a novela "Pecado Capital" (Rede Globo, 1975) de Janete Clair.
“Vale Tudo” (Rede Globo, 1988) de Gilberto Braga, Leonor Bassères e Aguinaldo Silva, abordou temas como corrupção, ética e honestidade. “Quem matou Odete Roitman?” ficou no ar apenas alguns dias, mas causou, na época, tanta curiosidade nos telespectadores que foram gravados cinco finais diferentes e só na data de exibição do último capítulo foi revelado o verdadeiro assassino. Em 2001, essa mesma emissora fez uma versão para o público latino-americano e foi rebatizada como “Vale Todo”.
O "Vale a Pena Ver de Novo", da Rede Globo teve a missão de representar novelas no horário das 14h40.Muitas novelas que foram consideradas "fenômenos de audiência" representaram um fracasso nesse horário como "Roque Santeiro" e "Terra Nostra". A novela de maior audiência neste horário foi "A Viagem", de Ivani Ribeiro empatada com "A Gata Comeu" da mesma autora, em 2º e 3º lugares vêm "Tieta" e "A Indomada", ambas de Aguinaldo Silva.
HISTORIA DO CINEMA
Estabelecer marcos históricos é sempre perigoso e arbitrário, particularmente, no campo das artes. Inúmeros fatores concorrem para o estabelecimento de determinada técnica, seu emprego, práticas associadas e impacto numa ordem cultural. Aqui serão apresentados alguns, no intuito de melhor conhecer esta complexa manifestação estética a qual muitos chamam de a 7ª Arte. De fato, a data de 28 de Dezembro de 1895, é especial no que refere ao cinema, e sua história. Neste dia, no Salão Grand Café, em Paris, os Irmãos Lumière fizeram uma apresentação pública dos produtos de seu invento ao qual chamaram Cinematógrafo. O evento causou comoção nos 30 e poucos presentes, a notícia se alastrou e, em pouco tempo, este fazer artístico conquistaria o mundo e faria nascer uma indústria multibilionária. O filme exibido foi L'Arrivée d'un Train à La Ciotat.
Índice
[esconder]
* 1 Nascimento
* 2 Cinema mudo
o 2.1 Desenvolvimento e negócio
o 2.2 Hollywood
o 2.3 O cinema no mundo
* 3 A era do som
o 3.1 Criatividade
o 3.2 Anos 40
o 3.3 Anos 50
o 3.4 Anos 60
* 4 Ligações externas
[editar] Nascimento
Hoje em dia, o cinema baseia-se em projeções públicas de imagens animadas. O cinema nasceu de várias inovações que vão desde o domínio fotográfico até a síntese do movimento utilizando a persistência da visão com a invenção de jogos ópticos. Dentre os jogos óticos inventados vale a pena destacar o thaumatrópio (inventado entre 1820 e 1825 por William Fitton), fenacistoscópio (inventado em 1829 por Joseph-Antoine Ferdinand Plateau), zootropo (em 1834 por Will George Horner) e praxinoscópio (em 1877 por Emily Reynaud). Em 1888, Emily Reynaud melhorou sua invenção e começou projectar imagens no Musée Grévin durante 10 anos.
Em 1876, Edward, James e Muybridge fez uma experiência: primeiro colocou 12 e depois 24 câmaras fotográficas ao longo de um hipódromo e tirou várias fotos da passagem de um cavalo. Ele obteve assim a decomposição do movimento em várias fotografias e através de um zoopraxinoscópio pode recompor o movimento. Em 1882, Étienne-Jules Marley melhorou o aparelho de Muybridge. Em 1888, Louis Aimée Augustin Le Prince filmou uma cena de cerca de 2 segundos mas a fragilidade do papel utilizado fez com que a projecção ficasse inadequada.
Will, Kennedy, Laurent e Dickson, chefe engenheiro da Edison Laboratories, inventou uma tira de celulóide contendo uma sequência de imagens que seria a base para fotografia e projeção de imagens em movimento. Em 1891, Thomas Edison inventou o cinetógrafo e posteriormente o cinetoscópio. O último era uma caixa movida a eletricidade que continha a película inventada por Dickson mas com funções limitadas. O cinetoscópio não projetava o filme.
Programa da primeira exibição
Baseado na invenção de Edison, Auguste e Louis Lumière inventaram o cinematógrafo, um aparelho portátil que consistia num aparelho três em um (máquina de filmar, de revelar e projetar). Em 1895, o pai dos irmãos Lumière, Antoine, organizou uma exibição pública paga de filmes no dia 28 de dezembro no Salão do Grand Café de Paris. A exposição foi um sucesso. Este dia, data da primeira projeção pública paga, é comumente conhecida como o nascimento do cinema mesmo que os irmãos Lumière não tenham reivindicado para si a invenção de tal feito. Porém, as histórias americanas atribuem um maior peso a Thomas Edison pela invenção do cinema, quando na verdade o que ele fez foi pegar pequenos videos e exibi-los em maquinas caça-níquel, e para não perder tal fonte lucrativa sempre foi contra a exibição dos filmes em grandes salas.
Os irmãos Lumière enviaram ao mundo, a fim de apresentar pequenos filmes, os primeiros registros como um início do cinema amador. "Sortie de l'usine Lumière à Lyon" (ou "Empregados deixando a Fábrica Lumière") é tido como o primeiro audiovisual exibido na história, sendo dirigido e produzido por Louis Lumière. Do mesmo ano, ainda dos irmãos Lumiére o filme "The Sprinkler Sprinkled", uma pequena comédia. Menos de 6 meses depois, Edison projetaria seu primeiro filme, "Vitascope".
Experiência de Eadweard Muybridge
Animação
[editar] Cinema mudo
Desde o início, inventores e produtores tentaram casar a imagem com um som sincronizado. Mas nenhuma técnica deu certo até a década de 20. Assim sendo, durante 30 anos os filmes eram praticamente silenciosos sendo acompanhados muitas vezes de música ao vivo, outras vezes de efeitos especiais e narração e diálogos escritos presentes entre cenas.
[editar] Desenvolvimento e negócio
O ilusionista francês, Georges Méliès começou a exibir filmes em 1896, quando ganhou uma "filmadora". Ele foi pioneiro em alguns efeitos especiais. Seu filme "Le Voyage dans la Lune" (ou "Viagem à Lua") de apenas 14 minutos foi o primeiro a tratar sobre o assunto de alienígenas.
Edwin S. Porter que se tornou camaraman de Thomas Edison usou pela pirmeira vez a técnica de edição de imagens. Em seu filme "Life of an American Fireman" de 1903 é possível ver duas imagens diferentes mas que ocorreram simultâneamente, a visão de uma mulher sendo resgatada por um bombeiro e a mesma cena com a visão do bombeiro resgatando a mulher. Em "The Great Train Robbery" (1903), um dos primeiros westerns do cinema, o grande legado foi o "cross-cutting" com imagens simultâneas em diferentes lugares. Mas o mais importante em Porter, foi que o final do filme "The Great Train Robbery" teve que ser mudado, por motivos morais e éticos, visto que originalmente os bandidos se saiam bem no final, o que passava uma idéia de impunidade ao povo, se mostrava a partir dai, um cinema "educador".
O desenvolvimento de filmes fez crescer os nickelodeons, pequenos lugares de exibição de filmes onde se pagava o ingresso de 1 nickel.Onde se juntavam uma grande quantidade de pessoas, chamando a atenção da elite para o poder de influencia daquelas exibições. O filmes também começaram a crescer em duração. Antes um filme durava de 10 a 15 minutos. Em 1906, o filme australiano "The Story of the Kelly Gang" tinha 70 minutos sendo lembrado até hoje como o primeiro longa metragem da história do cinema. Depois do filme australiano, a Europa começou a produzir filmes até mais longos: "Queen Elizabeth" (filme francês de 1912), "Quo Vadis?" (filme italiano de 1913) e "Cabiria" (filme italiano de 1914, este último com 123 minutos de duração.
Imagem do polêmico filme "The Birth of a Nation"
Pelo lado americano, o diretor D. W. Griffith conseguia destaque. Seu filme, "The Birth of a Nation" (ou "O Nascimento de uma nação") de 1915, foi considerado um dos filmes mais populares da época do cinema mudo, causou polêmica porque foi mal-interpretado, onde um simples retrato da sociedade americana foi considerado uma glorificação da escravatura, segregação racial e promoção do aparecimento da Ku Klux Klan e Intolerance (1916) já "Intolerance: Love's Struggle Throughout the Ages" (ou "Intolerância") é considerado uma das grandes obras do cinema mudo, apesar da grande massa nao ter entendido a proposta de quatro historias simultaneas, achando o filme muito confuso.
Em 1907, os irmãos Lafitte criaram os filmes de arte na França com a intenção de levar as classes mais altas ao cinema já que estes pensavam ser o cinema para classes menos educadas.
[editar] Hollywood
Até esta época, Itália e França tinham o cinema mais popular e poderoso do mundo mas com a Primeira Guerra Mundial, a indústria européia de cinema foi arrasada. Os Eua começaram a destacar-se no mundo do cinema fazendo e importando diversos filmes. Thomas Edison tentou tomar o controle dos direitos sobre a exploração do cinematógrafo. Alguns produtores independentes emigraram de Nova York à costa oeste em pequeno povoado chamado Hollywoodland, graças a Griffith, que já o sugeria. Lá encontraram condições ideais para rodar: dias ensolarados quase todo ano, diferentes paisagens que puderam servir como locações e quase todos as etnias como, negros, brancos, latinos, indianos, indios orientais e etc, um "banquete" de coadjvantes. Assim nasceu a chamada "Meca do Cinema", e Hollywood se transformou no mais importante centro da industria cinematográfica do planeta.
Nesta época foram fundados os mais importantes estúdios de cinema (Fox, Universal, Paramount) controlados por judeus (Daryl Zanuck, Samuel Bronston, Samuel Goldwyn, etc.) que viam o cinema como um negócio. Lutaram entre si e as vezes para competir melhor, juntaram empresas assim nasceu a 20th Century Fox (da antiga Fox) e Metro Goldwyn Meyer (união dos estúdios de Samuel Goldwyn com Louis Meyer). Os estúdios encontraram diretores e atores e com isso nasceu o "star system", sistema de promoção de estrelas e com isso, de ideologias e pensamentos de Hollywood.
Começaram a se destacar nesta época comédias de Charlie Chaplin e Buster Keaton, aventuras de Douglas Fairbanks e romances de Clara Bow. Foi o próprio Charles Chaplin e Douglas Fairbanks junto a Mary Pickford e David Wark Griffith que acabaram criando a United Artist com o motivo de desafiar o poder dos grandes estúdios.
[editar] O cinema no mundo
Em alternativa a Hollywood existiam vários outros lugares que investiam no cinema e contribuiam para seu desenvolvimento.
Na França, os cineastas entre 1919 e 1929 começaram um estilo chamado de Cinema Impressionista Francês ou cinema de vanguarda (avant garde em francês). Se destacaram nesta época o cineasta Abel Gance com seu filme épico "J’Accuse" e Jean Epstein com seu filme "A queda da casa de Usher" de 1929
Na Alemanha surgiu o expressionismo alemão donde se destacam os filmes "Das Cabinet des Dr. Caligari" ("O gabinete do doutor Caligari") de 1920 do diretor Robert Wiene, "Nosferatu", "Phantom" ambos de 1922 e do diretor Friedrich Wilhelm Murnau e Metrópolis de Fritz Lang de 1929.
Na Espanha surgiu o cinema surrealista donde se destacou o diretor Luis Buñel. "Un Perro andaluz" (ou "Um Cão Andaluz" em português) de 1928 foi o filme que mais representou o cinema surrealista de Buñel.
Na Rússia se destacou o cineasta Serguei Eisenstein que criou uma nova técnica de montagem, chamada montagem intelectual ou dialéctica. Seu filme de maior destaque foi "The Battleship Potemkin" (ou br: "O Encouraçado Potemkin", pt: "O Couraçado Potemkin") de 1925.
Infelizmente, cerca de 90% dos filmes mudos se perderam. De fato, a maioria dos filmes mudos foi derretida a fim de recuperarem o nitrato de prata, um componente caro.
[editar] A era do som
Até então já haviam sido feitos experimentos com som mas com problemas de sincronização e amplificação. Em 1926, a Warner Brothers introduziu o sistema de som Vitaphone (gravação de som sobre um disco) até que em 1927, a Warner lançou o filme "The Jazz Singer", um musical que pela primeira vez na história do cinema possuia alguns dialogos e cantorias sincronizados aliados a partes totalmente sem som; então em 1928 o filme "The Lights of New York" ,(também da Warner), se tornaria o primeiro filme com som totalmente sincronizado. O som gravado no disco do sistema Vitaphone foi logo sendo substituído por outro sistema como o Movietone da Fox, DeForest Phonofilm e Photophone da RCA com sistema de som no próprio filme.
O Beijo, lançado em 1929 e protagonizado pela atriz sueca Greta Garbo, foi o último filme mudo da MGM e o último da história de Hollywood, com exceção de duas jóias raras de Chaplin: Luzes da Cidade e Tempos Modernos.
No final de 1929, o cinema de Hollywood já era quase totalmente falado. No resto do mundo, por razões economicas, a transição do mudo para o falado foi feito mais lentamente. Neste mesmo ano já lançado grandes filmes falados como "Blackmail" de Alfred Hitchcock (o primeiro filme inglês falado), "Applause" do diretor Rouben Mamoulian (um musical em preto e branco) e "Chinatown Nights" de William Wellman (mesmo diretor de "Uma estrela nasce" de 1937). Foi também no ano de 1929 criado o prêmio Oscar ou Prêmios da Academia que serve até os dias atuais como premiação aos melhores do cinema.
[editar] Criatividade
O uso do som fez com que o cinema se diversificasse mais em termos de gêneros nascia entre eles o musical algumas comédias. E com a junção dos dois surgia a comédia musical.
Filmes históricos ou bíblicos na maioria das vezes caminharam de mãos dadas. Dentre os que misturavam este dois gêneros se destacaram "Os dez mandamentos" (versão original de 1923), "Rei dos Reis" de 1932 e Cleopatra de 1934.
Filmes de gangsters se tornaram populares como por exemplo "Little Caesar" e "The Public Enemy" ambos de 1931. Este tipo de filme foi fortemente influenciado pelo Expressionismo Europeu. Talvez o ator que mais se destacou neste gênero foi Humphrey Bogart.
O gênero ficção cinetífica já existente desde o cinema mudo foi se desenvolvendo cada vez mais com a produção de clásicos como "Drácula" (com Bela Lugosi) de 1931 e "Frankenstein" (com Boris Karloff) do mesmo ano.
O duplo sentido com conotações sexuais de Mae West em "She Done Him Wrong" de 1933. A comédia anarquica sem sentido dos Irmãos Marx.
Em 1939 os maiores êxitos do cinema foram "O Maravilhoso Mágico de Oz" e o "Gone with the Wind" (pt: "E tudo o vento levou"; br: "E o vento levou").
Na Itália foi criada a Cinecittà por ordem de Mussolini em 1937. Na América Latina se destacaram o mexicano Cantinflas e a luso-brasileira Carmem Miranda. Carmem Miranda estreou no filme "Alô, Alô Carnaval" de 1936 mas conseguiria sucesso internacional na década seguinte atuando em Hollywood.
[editar] Anos 40
O filme "Casablanca" de 1943
A Segunda Guerra Mundial fez com que a Inglaterra e Estados Unidos produzissem vários filmes com apelo patriota e que serviram de propaganda de guerra. Haviam também já no final da guerra filmes antinazistas. Dentre os filmes que retrataram a época da guerra se destacou o popular "Casablanca" de 1943 com o ator Humphrey Bogart.
No começo da década, o diretor Orson Welles lançou o filme "Citizen Kane" (em Portugal, "O Mundo a seus Pés"; no Brasil, "Cidadão Kane") com inovações como ângulos de filmagem e narrativa não linear. Em 1946, o diretor Frank Capra lançou o filme "It's a wonderful life". Ambos os filmes estão classificados entre os melhores de todos os tempos.
No ano de 1947, o Comitê de Segurança dos Estados Unidos fez a primeira lista negra de Hollywood acusando 10 diretores e escritores de promover propaganda comunista. Os filmes "Mission to Moscow" e "Song of Russia" foram considerados propaganda pró-soviética.
Na Itália nascia o Neo-realismo como reação ao cinema facista do regime de Mussolini, e buscava a máxima naturalidade, com atores não profissionais, iluminação natural e com uma forte crítica social. Se considera inaugurado o gênero com "Roma, cidade aberta" (de 1945), ainda que se considera como seu maior representante "Ladrão de bicicletas" de Vittorio de Sica.
[editar] Anos 50
O Comitê de Segurança amplia a lista negra incluindos diretores, atores e escritores incluindo até mesmo Charles Chaplin.
O início da década de 50 marcou para a chanchada brasileira uma enorme reviravolta. Embora a Atlântida tenha se consagrado na década anterior como uma das mais fortes indústrias cinematográficas do país, ainda assim as produções eram um tanto desleixadas. Os estúdios estavam mal acomodados, os equipamentos sem a manutenção necessária e os atores recebiam quantias ínfimas pelo árduo trabalho de interpretar em condições precárias. No fim da década 40, mais precisamente no ano 47, o sucesso das chanchadas trouxeram para a Atlântida uma série de novos investidores, interessados principalmente em participar dos lucros da empresa, então ainda sob a administração dos irmãos Burle e Moacyr Fenelon. Entra em cena nesta altura um personagem que será fundamental na consolidação das produções da Atlântida na década de 50: Luís Severiano Ribeiro Jr.. Severiano entrou juntamente com vários outros empresários nos investimentos em produções, que a ele principalmente interessavam por seu domínio em pelo menos 40% das salas de exibição no Brasil. Assim, ele poderia participar dos lucros de uma forma muito maior. A grande surpresa veio, ainda em 1947, quando noticiaram que Severiano havia comprado uma grande quantia de ações da Atlântida, tornando-se acionista majoritário e, consequentemente, dono da companhia.
Os filmes 3-D porém duraram pouco tempo, de 1952 até 1954 dentre os quais se destacou o filme "House of Wax" de 1953.
No final da década de 50 surgia na França o maravilhoso nouvelle vague donde se destacaram Claude Chabrol, Jean-Luc Godard ("O Acossado") e François Truffaut ("Os Imcompreendidos").
O cinema da Índia era produzido em grande escala mas no ano de 1955 pela primeira vez ganhou reconhecimento internacional com o filme "Pather Panchali" (ou "A canção do caminho").
[editar] Anos 60
Nos anos 60 o sistema Hollywood começou a entrar em declínio. Muitas produções passaram a ser feitas em Pinewood Studios na Inglaterra e Cinecittà na Itália ficando fora de Hollywood. "Mary Poppins" de 1964 da Walt Disney Productions, "My Fair Lady" também de 64 e "The Sound of Music" (br: A noviça rebelde — pt: Música no coração) de 1965 estão entre os filmes mais rentáveis da década.
Iniciado pelo diretor John Cassavetes, o cinema americano passou a tomar novos rumos com a produção independente com orçamento reduzido.
Na França o destaque ficou para "Jules e Jim" de 1962 (br: "Uma mulher para dois" do diretor François Truffaut). Na Itália foi o filme "La dolce Vita" de Federico Fellini de 1960. Na Inglaterra o destaque ficou para o início da série de filmes de 007 com o filme "Dr.No" em 1962. Na América Latina o maior destaque ficou por conta da Argentina e do diretor Fernando Solanas.
[editar] Ligações externas
A ORIGEM DO POEMA
Poema
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Um poema é uma obra literária apresentada geralmente em verso e estrofes (ainda que possa existir prosa poética, assim designada pelo uso de temas específicos e de figuras de estilo próprias da poesia). Efectivamente, existe uma diferença entre poesia e poema. Este último, segundo vários autores, é uma obra em verso com características poéticas. Ou seja, enquanto o poema é um objecto literário com existência material concreta, a poesia tem um carácter imaterial e transcendente.
Fortemente relacionado com a música, a poesia tem as suas raízes históricas nas letras de acompanhamento de peças musicais. Até a Idade Média, a poesia era cantada. Só depois o texto foi separado do acompanhamento musical. Tal como na música, o ritmo tem uma importância fulcral.
Um poema também faz parte de um sarau (reuniões em casas particulares para expressar artes, canções, poemas, poesias etc).
== História ==
Na Grécia antiga o poema foi a forma predominante de literatura. Os três gêneros (lírico, dramático e épico) eram escritos em forma de poesia. A narrativa, entretanto, foi tomando importância, ficando a poesia mais relacionada com o gênero lírico. Ainda hoje é feita esta associação entre poema, sentimentos e rimas.
A poesia tinha uma forma fixa: seus versos eram metrificados, isto é, observavam os acentos, a contagem silábica, o ritmo e as rimas. A contagem silábica dos versos foi sempre muito valorizada até o início do século XX quando a obra que não se encaixasse nas normas de metrificação não era considerada poesia. Isto mudou com a influência do Modernismo- movimento cultural, surgido na Europa que buscava ruptura com o classicismo. Atualmente o ritmo dos versos foi liberado e temos os chamados "versos livres" que não seguem nenhuma métrica.
segunda-feira, 5 de julho de 2010
O Teatro na época da ditadura
Carlos Aparecido dos Santos (*)
Independente de toda a sua pujança e liberdade, o teatro como todas as outras expressões artísticas sofreu um revés que tolheu toda a sua capacidade criadora e motivadora: a censura. Nesta pesquisa abordaremos os efeitos que a ditadura exerceu sobre o teatro no período de 1964-1968.
O Brasil no contexto político - 1964 -1968
Segundo Castro (2004), nos bastidores do governo, tramava-se o pior golpe político que o país sofreria desde o início de sua história: o movimento político-militar deflagrado em 31 de março de 1964 com o objetivo de depor o governo do presidente João Goulart. Sua vitória acarretou profundas modificações na organização política do país, bem como na vida econômica e social. Todos os cinco presidentes militares que se sucederam desde então, declararam-se herdeiros e continuadores da Revolução de 1964.
A crise político-institucional da qual nasce o regime militar começa com a renúncia do presidente Jânio Quadros, em 1961. Agrava-se durante a administração João Goulart (1961-1964), com a radicalização populista do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) e de várias organizações de esquerda e com a reação da direita conservadora. Goulart tenta mobilizar as massas trabalhadoras em torno das reformas de base, que alterariam as relações econômicas e sociais no país.
Esses fatos, segundo Castro (2004) leva o empresariado, parte da Igreja Católica, a oficialidade militar e os partidos de oposição, liderados pela União Democrática Nacional (UDN) e pelo Partido Social Democrático (PSD), a denunciar a preparação de um golpe comunista, com a participação do presidente. Além disso, responsabilizam-no pela carestia e pelo desabastecimento.
No dia 13 de março de 1964, o governo promove grande comício em frente da estação ferroviária Central do Brasil, no Rio de Janeiro, em favor das reformas de base. Os conservadores reagem com uma manifestação em São Paulo, a Marcha da Família com Deus pela Liberdade, em 19 de março. A tensão cresce. No dia 31 de março, tropas saídas de Minas Gerais e São Paulo avançam sobre o Rio, onde o governo federal conta com o apoio de setores importantes da oficialidade e das Forças Armadas. Para evitar a guerra civil, Goulart abandona o país e refugia-se no Uruguai.
No dia 1º de abril, o Congresso Nacional declara a vacância da Presidência. Os comandantes militares assumem o poder. Em 9 de abril é decretado o Ato Institucional Nº 1 (AI-1), que cassa mandatos e suspende a imunidade parlamentar, a vitaliciedade dos magistrados, a estabilidade dos funcionários públicos e outros direitos constitucionais. Segundo Castro (2004), a falta de reação do governo e dos grupos que lhe davam apoio foi notável, não se conseguiu articular os militares legalistas. A crise econômica se aprofunda e mergulha o Brasil na inflação e na recessão. Crescem os partidos de oposição, fortalecem-se os sindicatos e as entidades de classe.
De todos os setores, a imprensa foi a que sofreu a mais profunda censura. A TV, o rádio, e todos os meios de comunicação eram vigiados de perto pelos militares, muitos eram perseguidos e expulsos do país, até mesmo mortos, por irem contra tais medidas.
Foi nesse período, que o teatro sofreu a maior perseguição de sua história.
O Teatro sob pressão
O teatro conheceu um esplendor que não resistiria à asfixia causada pela censura e pela repressão. Resultava do trabalho realizado, em especial, por dois grupos, o Oficina, em torno de seu diretor José Celso Martinez Corrêa (no exílio de 1974 a 78), e o Arena, em torno de Augusto Boal (no exílio a partir de 1969), que se dedicaram a criar uma dramaturgia brasileira e uma nova formação do ator. Escreveram e encenaram com muito sucesso, durante vários anos, originando vocações, peças, espetáculos e revelações de ator. Extremamente engajados, e invocando Brecht como nome tutelar, vincariam a história do teatro no país. Ambos os grupos seriam dizimados pelo AI - 5, Ato Institucional, que deflagrou o terror de Estado e exterminou aquilo que fora o mais importante ensaio de socialização da cultura jamais havido no país (Vasconcellos, 1987).
O teatro mais artístico refugiou-se em pequenas companhias. Com orçamentos reduzidos e sem muito apelo ao público, ocupavam espaços alternativos, não mais experimentais e, por vez, tentavam, suscitar uma dramaturgia nova. Dentre elas, é necessário mencionar o Grupo Tapa, que encenou repertório clássico internacional e ocupou o posto de mais premiada companhia do país, Antunes Filho que congregou uma trupe experimental, com oficina de formação de atores, destacando-se pelas notáveis encenações de Nelson Rodrigues, objeto de uma verdadeira descoberta. Gerald Thomas que comandou a Ópera Seca, mais vanguardista, com montagens espetaculares e inovadoras.
O teatro de Cacá Rosset, de pendores circenses, que teve entre seus acertos a "Ubu Rei", de Alfred Jarry, cujo perfil estilístico parece ter marcado as montagens restantes. Os trabalhos de Gabriel Villela que chamavam a atenção de crítica e público, enquanto resistiam heroicamente o Folias D´Arte, a Companhia do Latão, a Companhia São Jorge, Os Parlapatões, entre outros que merecem nosso respeito.
Em artigo de Brecht (1966), ele denuncia a arte de tornar a verdade manejável como arma e mostra como reconhecer aqueles em cujas mãos a verdade se torna eficiente, dentro deste contexto retornam os esporos redivivos, e aparecem os "intelectuais institucionais".
Houve experiências idealistas e bem intencionadas, como o CPC do movimento estudantil. A UNE, através do CPC (Centro Popular de Cultura), que procurava levar a arte ao povo, sem temor da mão-de-ferro e a vontade do governo militar de dificultar esse contato "inapropriado" a seus objetivos. Além do mais, Brecht transformara o teatro em arma política no século XX, sabendo se apoderar da sua grande força de comunicação e a capacidade de mobilizar as pessoas. Atores e diretores não podiam dar as costas a essa influência arrebatadora, principalmente na década de sessenta, quando o mundo assistia a uma reviravolta dos costumes e, no Brasil, cresciam os infames mecanismos de repressão e censura. Para bloquear o avanço desse teatro, estagnar o elo estreito entre o palco e a política, os militares estendem um "cordon sanitaire" entre o público e os artistas. A censura e a perseguição acirram-se. Quem não se lembra do ator Klaus Maria Brandauer no papel do ator devorado pela ambição em Mephisto? Cai sobre todos que vivem a arte, o dilema cruel que consumiu o protagonista, do diretor húngaro István Szabó (Magaldi, 1989).
Na verdade, Gassner (1974), afirma que a tomada do poder pelos militares havia causado aos artistas de teatro, nesses meses iniciais, mais susto do que problema. As nuvens negras que se avolumavam no horizonte pareciam até certo ponto aliviadas, no que dizia respeito ao teatro, pelo notório interesse que o presidente Castelo Branco dedicava ao assunto, conhecido por ser freqüentador assíduo das salas de espetáculos, característica rara nos governantes brasileiros.
Como presidente, ele iniciou seu relacionamento com a classe teatral nomeando, menos de dois meses depois de empossado, uma estudiosa de grande prestígio, Bárbara Heliodóra, para a direção do Serviço Nacional de Teatro. A campanha nacional de teatro do mesmo órgão passou a contar com a colaboração de um conselho consultivo de alto gabarito: Carlos Drummond de Andrade, Décio de Almeida Prado, Adonias Filho, Gustavo Doria e Agostinho Olavo.
Quando uma dessas periódicas vazantes de bilheteria colocava a classe em pânico, o presidente recebia no palácio, às seis horas da manhã, uma delegação da categoria, que lhe pedia uma ajuda de emergência, concedida no ato, mediante autorização de uma verba extraordinária a cada um dos 19 espetáculos profissionais em cartaz no Rio, auxílio estendido também para São Paulo (Castro, 2004).
Quem iria desconfiar de que um governo chefiado por um presidente aparentemente tão bem intencionado em relação ao teatro iria transformar-se num inimigo dessa atividade?
Mas nesse período, quase ninguém ousa lançar alguma proposta mais ousada, que represente algum tipo de risco, do que as produções meramente comerciais que predominam, às vezes, com bons resultados artesanais, como no caso de "Descalços no Parque", comédia de Neil Simon. A partir da metade do ano de 1964, o teatro dá um grande salto qualitativo, iniciando um semestre excepcional.
Para Vasconcellos (1987), em São Paulo, o TBC ousa, em julho de 1964, a sua última grande cartada: "Vereda da Salvação", de Jorge Andrade, considerado por muitos um dos mais perfeitos e impressionantes textos de toda dramaturgia contemporânea. Antunes Filho realizou um espetáculo sob alguns aspectos excessivo, mas generoso e vigoroso, que suscitou fortes polêmicas. Lamentavelmente, o público não se deixou envolver por essa delirante e trágica história - baseada num episódio verídico ocorrido em Minas Gerais - e um grupo de colonos, esfomeados, desesperados e ignorantes, buscam refúgio num misticismo primário, que os leva ao fanatismo e à morte. Um fracasso de bilheteria, a produção foi o golpe de misericórdia que formalizou o fim das atividades do TBC como companhia produtora, depois de uma longa série de crises.
Em São Paulo, o Oficina, depois de encerrar a triunfal carreira de "Pequenos Burgueses", monta Andorra de Max Frisch. Não foi nenhum ponto alto do grupo, mas foi uma iniciativa importante na trajetória do conjunto, o Oficina começa a deixar patente o seu frontal inconformismo com o clima político que acaba de instalar-se no país.
No Rio de Janeiro, o segundo semestre de 1964 torna-se bem gratificante, diferente do primeiro semestre que foi medíocre, no fim o ano de 1964 trouxeram um respeitável recorde; nove lançamentos em dez dias. A imprensa especializada ressaltava o elevado número de espetáculos recomendáveis em cartaz, entre esses espetáculos estavam: Diário de um Louco, de Gogol, cujo sucesso, devido sobretudo a uma interpretação inesquecível de Rubens Corrêa, tira o teatro do Rio (futuro teatro Ipanema) de um "buraco financeiro".
Apesar de um panorama de aparente normalidade, já apareciam no horizonte alguns discretos prenúncios do que haveria por vir nos anos subseqüentes, em decorrência da nova situação política. Em maio de 1965, menos de dois meses depois do golpe, por ocasião da estréia de Antígona, a imprensa discutia se a tragédia simbolizava a luta contra as ditaduras e o direito de dizer "não". Em junho do mesmo ano, o teatro do Rio, que havia mudado o título de uma comédia de João Bethencourt de "A ilha de Circe", para, A "Intervenção Federal", por motivos óbvios achou prudente (ou foi obrigado a) rebatizar a peça para Mr. Sexo.
Aparecem os primeiros oportunismos: estréia uma comédia de Raul da Mata, ambiguamente intitulada "Caiu 1º. de Abril", com o substituto de uma comédia revolucionária. Em Leopoldina, Minas Gerais, uma montagem local de "A Invasão", de Dias Gomes, é impedida de estrear por um veto de personalidades notáveis da cidade, que consideravam a peça "pornográfica". E o Rio passa pela vergonha de ser provavelmente a única cidade do mundo a efetuar cortes numa peça de Shakespeare, no ano do quarto centenário do poeta. O responsável pelo vexame é o Serviço de Censura do Governo Carlos Lacerda, que eliminou a algumas falas da comédia, quando da temporada carioca da sua produção curitibana.
Em outubro de 1965, por imposição do regime, passaram a existir apenas dois partidos reconhecidos institucionalmente: a situacionista Aliança Renovadora Nacional (Arena) e a oposição "construtiva" e moderada do Movimento Democrático Brasileiro (MDB), que viria a ser calada com cassações de políticos e outros mecanismos, sempre que se excedesse aos olhos dos governantes (Gassner, 1974).
Em dezembro do mesmo ano, nascia a primeira semente daquilo que viria a ser uma das mais fortes trincheiras teatrais contra o regime militar: o show "Opinião", dirigido por Augusto Boal e interpretado por Nara Leão (depois substituída por Maria Bethânia). Por um tempo, O show foi apresentado em nome do teatro de Arena de São Paulo e, por ocasião da estréia, Boal declarou que o novo núcleo carioca do Arena, reunindo, entre outros, Milton Gonçalves, Nelson Xavier, Vianinha, Chico de Assis, Flavio Migliaccio, Vera Gertel e Isabel Ribeiro, desenvolveria no Rio um trabalho permanente, independente da matriz paulista, mas entrosado com ela; um projeto que nunca chegaria a ganhar corpo, diante da criação autônoma do Grupo Opinião.
De um modo geral, aqueles momentos de perplexidade que bruscamente se abatem sobre o teatro, permitiu que as máscaras e as ilusões caíssem o longo de 1965.
Em março deste ano aconteceu no Rio, a primeira proibição total de um texto, "O Vigário", de Rolf Hochhuth. Em maio, a atriz Isolda Cresta é detida, antes de uma sessão de Electra, por ter lido na véspera um manifesto contra a intervenção na República Dominicana. Em julho, o conflito se exacerba, com a primeira proibição de um espetáculo prestes a estrear, "O Berço do Herói", de Dias Gomes. O governador assume pessoalmente a iniciativa da proibição, que é formalizada pelo seu secretário de segurança, coronel Gustavo Borges, que acusa os responsáveis pela montagem de estarem "engajados na implantação de uma ditadura cultural, através do abuso de liberdades democráticas e em estreita obediência à recente diretriz do PCB" - uma linguagem que se tornaria rotineira de então em diante (Vasconcellos, 1987).
Ao longo do ano, vários textos são proibidos, e outros como "Os inimigos e Morte e Vida Severina" sofrem interdições posteriormente levantadas; outros ainda só conseguem estrear mutilados, como "Liberdade, Liberdade", que na sua temporada em São Paulo recebeu 25 cortes. A classe teatral mobilizava-se contra o arbítrio: em agosto, uma carta aberta com 1.500 assinaturas é entregue a Castelo Branco, protestando contra os abusos da censura; e, em outubro, um telegrama enviado à Comissão de Direitos Humanos da ONU denuncia os atentados contra a liberdade de expressão no Brasil. O tempo encarregou-se logo de demonstrar a inocuidade de tais reclamações.
Por um lado, os responsáveis pela revolução da linguagem cênica que tomaria corpo a partir de 1966, sentem-se inconformados e impotentes diante do sistema repressivo que controla cada vez mais radicalmente a vida do país, riscando do mapa qualquer noção de consulta popular, instalando de cada vez mais um rígido sistema de censura, impondo como obrigatória uma escala de valores morais alheios aos anseios espontâneos da juventude. Uma válvula de escape para esse inconformismo, no campo teatral, consistiu em contestar os códigos expressivos tradicionalmente aceitos como corretos e bem comportados, substituindo-os por alternativas nas quais os fatores de novidade e de provocação atuassem como molas propulsoras (Veríssimo, 1976).
Começam a penetrar nos ouvidos da juventude teatral os primeiros ecos de uma grande revolução cultural que se desenhava. Esse movimento, parte de uma sensação de insatisfação, no caso, não com esquemas militares, mas com valores culturais e éticos legados pelas gerações anteriores, que são repudiados como caducos e necessitados de urgente substituição por comportamentos radicalmente diferentes.
Para Courtney (1980:106):
Para dar a essas experiências uma legitimação, os escritos do diretor e ensaísta francês Antonin Artaud, que na época da sua publicação - os anos 1930 e 1940 - não foram levados a sérios, são reabilitados e consagrados como uma bíblia do novo teatro, e passa a ser o arsenal estético dos jovens experimentadores.
Mesmo com esses pensamentos e atitudes vindas de fora, por intelectuais e escritores, a censura continuava frenética. Alguns dos seus desatinos: invasão do teatro jovem, no Rio, para impedir a realização de um debate sobre Brecht, que seria autorizado alguns dias depois; cortes em "Terror e Miséria do III Reich"; detenção e Maceió, de um elenco carioca que apresentava "Joana em Flor", de Reinaldo Jardim, seguida de queima de exemplares do livro em praça pública; eliminação do texto de "O Homem do Princípio ao Fim", após vários meses em cartaz.
Michalski (1985), comenta que o anarquismo e as pressões a que a nação se achava submetida, produziria em 1967 o seu primeiro marco decisivo. Tão decisivo que se constituiria na consagração de uma verdadeira proposta estética e cultural, que abriria uma nova etapa do teatro brasileiro e serviria de inspiração a inúmeros desdobramentos e imitações.
Vestido de noiva, um texto anárquico que Oswald de Andrade escreveu entre 1933 e 1937, e no qual submeteu os corrompidos esquemas de funcionamento do capitalismo brasileiro a uma análise crítica de uma virulência sem precedente. Em compensação, esse espírito parecia feito sob medida para veicular a rebeldia dos jovens de 1967. Tanto, que antes da estréia de "O Rei da Vela", de Oswald de Andrade, o Oficina resolveu considerar o texto como seu "espetáculo-manifesto".
O espetáculo explodiu como uma bomba, arrancando aplausos da maioria da crítica, deixando perplexo e abalado o tradicionalmente burguês paulistano, e despertando, pelo seu tom provocativo, desconfiança das autoridades.
Peixoto relata o seguinte (1980:94):
A temporada em São Paulo seria tumultuada. Críticos espantados, público entre o fascínio e o ódio. Em algumas sessões havia gente que se levantava e agredia os atores (verbalmente). Ameaças quase diárias. Publico sendo revistado na entrada, um precário sistema de segurança armado nos bastidores. Ameaças de depredação do teatro; tínhamos um plano para escapar pelos fundos, se a resistência fosse inútil. Esta tensão engravidava o espetáculo. A censura agüentou em inesperado e surpreendente silêncio. Às vezes telefonavam dizendo que as denúncias, inclusive de militares, aumentavam. E que a pressão de Brasília crescia. Mas nos recomendavam certa moderação, para que tudo continuasse na santa paz.
Mas outras peças também foram perseguidas pela censura, e sofreram cortes em seus textos, como por exemplo: "Dois Perdidos", "Navalha na Carne" e "Volta ao Lar". Outras, como "O homem e o Cavalo", de Oswald de Andrade, e "Os Sinceros", de César Vieira, são sumariamente proibidas.
Toda a censura de textos que até então era realizado de modo descentralizado nos Estados, passou a ser concentrada por completo em Brasília, obrigando os autores e produtores a deslocarem suas tentativas freqüentes de resolver tais assuntos com as autoridades censoras.
Gaspari (2002:131) afirma que:
Talvez o ano mais trágico de toda história do teatro brasileiro foi 1968. A censura assume um papel de protagonista na cena nacional, declara guerra contra a criação teatral, torna-se incomodamente presente no cotidiano dos artistas. Em janeiro o general Juvêncio Façanha que no ano anterior mandou o ameaçador recado para os artistas "Ou vocês mudam, ou acabam", da uma estarrecedora declaração, que define com clareza a atitude do regime com à atividade cênica: "A classe teatral só tem intelectuais, pés sujos, desvairados e vagabundos, que entendem de tudo, menos de teatro".
Em fevereiro, um fato que deixou a classe teatral indignada, foi a retirada da peça, "Um Bonde Chamado Desejo", de Tennesse Williams, e ainda por cima de impor à atriz Maria Fernanda, e ao produtor, Oscar Araripe uma suspensão de 30 dias. Os teatros do Rio e de São Paulo declaravam-se em greve, em protesto liderados por personalidades como: Cacilda Becker, Glauce Rocha, Tônia Carrero, Ruth Escobar e Walmor Chagas. São realizadas por esses grupos, diversas vigílias cívicas nas escadarias dos teatros das duas cidades, e ocorrem vários conflitos com a polícia.
Em função do prestígio dos manifestantes e do ineditismo da greve, o protesto toma uma repercussão que assusta as autoridades. Em defesa de sua imagem, o governo institui um grupo de trabalho, integrado por representantes das entidades de classe e por técnicos do ministério, e elaboram um projeto de uma nova lei sobre censura. Ao instalar a comissão, o ministro Gama e Silva procura tranqüilizar os artistas com a seguinte frase: "O teatro é livre; a censura não os incomodará mais".
Continuando no mesmo raciocínio de Gaspari (2002), todos levam à promessa como uma cínica piada, pois as proibições não só não pararam, como se intensificaram. A tensão chega ao auge em julho, quando o Comando de Caça aos Comunistas invade, em São Paulo, o teatro onde estava em cartaz a peça, "Roda Viva", de Chico Buarque, espancando e maltratando vários membros do elenco e destruindo o cenário e o equipamento técnico. Em setembro, no Rio Grande do Sul, a mesma peça estava em cartaz, e voltaram a ser agredidos, e a censura acabando por proibir o espetáculo.
Teatros como o Gil Vicente (RS) e o Opinião (RJ), sofrem atentados a bomba, o ator Flavio Rangel é parado na rua e tem sua cabeça raspada, a atriz Cacilda Becker é demitida do seu emprego na TV Bandeirantes, por pressão dos órgãos de segurança.
Dentro de toda essa perseguição, o grupo de trabalho criado pelo ministro Gama e Silva, entregou em suas mãos um anteprojeto de censura bem mais liberal o que estava em vigor. Para o teatro, o projeto previa uma censura classificatória por faixas etárias, o ministro porém congelou o projeto durante alguns meses, e o encaminhou ao presidente Costa e Silva, descaracterizado por um artigo que mantinha, em parte, a censura interditória.
Nem por isso o teatro se acomodou. Procurou frestas inventou uma linguagem cifrada ou aproveitou entrelinhas, refugiou-se em locais onde não era possível o exercício da censura prévia, trocou muitas vezes a palavra pelo gesto significativo. Olhando essa década de vigência do Ato, é impressionante constatar o quanto foi feito quando nada era permitido.
Dentro deste contexto, o teatro fez o que pôde para sobreviver com seus pensamentos, idéias e maneira de atuar, sem ter que recuar diante de um governo autoritário e violento. E o faz com uma raiva que as circunstâncias justificam e que talvez, seja reforçada pelos ecos que anunciam a radicalização dos movimentos da juventude em vários países. Mas ao mesmo tempo, preocupa-se com o que a violência no teatro tem de potencialmente irracional (Michalski, 1985).
Reunidos na Associação Brasileira de Imprensa, artistas de teatro e cinema protestaram contra a invasão e depredação do Teatro Ruth Escobar, em São Paulo, e o espancamento do elenco e de membros da equipe técnica do espetáculo "Roda Viva". Os artistas presentes à reunião, entre eles Tônia Carrero, Paulo Autran, Norma Benguel, Oduvaldo Vianna Filho, Osvaldo Loureiro, Flávio Rangel, Norma Blum e Cecil Thiré, exigiram a detenção dos culpados e a condenação "do terrorismo de direita". O espetáculo já havia terminado quando cerca de 20 pessoas começaram a depredar tudo, gritando que eram do CCC (Comando de Caça aos Comunistas) e que não admitiam obscenidades no teatro. O público retirou-se rapidamente, enquanto os agressores partiram em direção ao camarim dos atores, quebrando o que encontrassem pela frente. Armados de revólveres, cassetetes, soco-inglês e martelos, espancaram o elenco da peça, despiram as atrizes e obrigaram Marília Pêra e Rodrigo Santiago, também despidos, irem para a rua (Michalski, 1985).
Os agressores, após a depredação e a violência, debandaram e fugiram numa perua Kombi e num sedan Volkswagen bege claro, mas alguns atores conseguiram deter três desses elementos. Um primeiramente, que foi entregue a policiais da Rádio Patrulha, que os deixaram escapar. Outros dois que foram levados pessoalmente por atores e um de seus advogados ao DOPS. Um deles foi identificado como advogado formado no Mackenzie: Flavio Ercole. O outro como estudante de Economia do Mackenzie, que seria também sargento do Exército segundo foi dito na Assembléia realizada, logo após, no teatro Ruth Escobar (Dort, 1977).
Para se defender de um possível ataque do CCC, a turma do Oficina inventou uma grade de madeira ocupando todo o palco, que descia no fim da peça. Além de fazer parte do cenário, ela defendia os atores contra o CCC e dava o sentido ao texto da peça (prisão de Galileu, de Brecht), que era, de certa maneira, a mesma do grupo. Comentava-se que o CCC era uma das mais raivosas e violentas facções da época, à direita da burguesia, e que certamente seria protegida pela polícia, no caso de agressões físicas aos artistas.
O clima de perseguições aos intelectuais e artistas comunistas, e aos democratas de uma maneira geral - todos igualmente considerados malditos -, continuava nas piores proporções de violência possível. O ápice de todos foi a invasão policial ao restaurante do Calabouço no Rio quando mataram o estudante Édson Luís. Seus colegas levaram o corpo para a Assembléia Legislativa. Teatros suspenderam os espetáculos.
Segundo Gaspari (2002), a nação estava apavorada e sem rumo, terminavam sendo educados a serem cada dia pior, desconfiados, dedos-duros, falsos e mais pobres culturalmente. O medo da inteligência instalava-se como um vírus na população.
A classe média se afastou de vez do teatro, influenciada pela campanha que o esquema dominante havia desfechado contra ele, fazendo-o aparecer perante a opinião pública como um antro de perversões, violências e subversão. O mais prudente para o potencial espectador era passar longe das bilheterias.
Não há como negar, que a barulhenta arte do chamado teatro de agressão, assustou bastante o público tradicional, e, em vez de fazer de tudo para não perder o espectador e forçá-lo a participar ativamente dos acontecimentos cênicos, fizeram o inverso, e o assustaram ainda mais, tornando as salas de teatro mais vazias do que nunca.
Segundo afirmações de Michalski (1985:39):
A qualidade dos espetáculos tende a nivelar por baixo, a maioria não passa, compreensivelmente, de uma prudente rotina. Mas o impulso de experimentação não se perde de todo; pelo contrario, as poucas realizações que se opõem à prudência reinante e escapam às malhas da censura revelam múltiplas formas de talento e mantém vivo um sadio clima de polemica.
Nesta época, houve muitos acontecimentos de violência, agressões e traumáticas ocorrências no setor cultural. Mas o teatro sobreviveu no sentido emocional, e novas e grandiosas peças foram lançadas sem o teor da violência nos palcos. Textos como "Na selva das cidades" de Brecht, trouxeram de volta o espectador às cadeiras dos palcos teatrais, e dessa forma os artistas foram se superando, e o glamour do teatro começou a ser resgatado passo a passo.
Todos esses acontecimentos acima se deram no histórico ano de 1968. Um ano que foi marcado pela sucessão de fatos históricos. Segundo Ventura (1988), a geração de 1968 o chamou de "o ano do novo", pois parecia ser o início de alguma coisa. Por outro lado esta não pode ser considerada uma geração falida, porque apesar de ambicionar uma revolução total, não conseguiu mais do que uma revolução cultural. Porém, para Ventura (1988:16): "arriscando a vida pela política, ela não sabia, porém, que estava sendo salva historicamente pela ética".
O conteúdo moral foi a melhor herança que a geração de 1968 deixou para um país cada vez mais governado pela falta de memória e pela ausência de ética.
O tempo passou e passaram muitos dos acontecimentos para essa nossa já histórica falta de memória cultural. Mas o teatro se mantém e se renova a cada dia.
Com um maior número de atores se formando, surgem mais grupos teatrais e o teatro brasileiro passa a se diversificar. Comédia e drama se ramificam de modo criativo, com montagens inesperadas. Muitos atores se unem para fazer a criação coletiva do espetáculo. Dos grupos permanentes em plena atividade hoje em dia podemos destacar o Grupo Tapa, Parlapatões Patifes e Paspalhões, Cia do Latão, Teatro da Vertigem e o grupo do diretor Antunes Filho, além do Teatro Oficina de Zé Celso, entre outros. Cada um segue uma linha de atuação e conquista seu público.
Segundo Alexandre Elias (2004), atualmente o TBC não se encontra em posição confortável, estando prestes a fechar de novo. O Teatro Brasileiro de Comédia foi reaberto em 1999, depois de um processo de reforma e restauração de R$ 4 milhões, financiados pelo empresário Marcos Tidemann. Mais de 50 peças já foram realizadas lá, desde sua reinauguração até hoje. O teatro reconquistou seu público, e aparentemente estava tudo dando certo. Mas funcionários já foram demitidos, as chaves já foram entregues. Ou seja, mesmo com o investimento feito, mesmo com público, o TBC fechará suas portas. Não existem explicações declaradas sobre o novo fechamento do TBC. Procuramos na Internet e nenhuma explicação existe. Ainda, segundo Elias (2004) "Um famoso diretor brasileiro disse que o Teatro (ou a arte teatral) vai acabar, em mais ou menos 30 anos. Será que é isso mesmo? Será que não adiantam esforços, o Teatro está mesmo condenado?"
E do inesquecível TBC, apenas restarão as lembranças dos tempos dos aplausos e sorrisos e o orgulho de seus nobres artistas remanescentes como Fernanda Montenegro e Flavio Rangel, que participaram de corpo e alma daquela época de luta e coragem, ainda permanece em seus interiores, e jamais serão esquecidos por eles, que vivenciaram épocas tão difíceis para o teatro brasileiro.
São Paulo é ainda o principal pólo de teatro do Brasil. O grande número de salas, escolas de teatro e cursos livres possibilita uma renovação e crescimento constantes. Dentre eles pode-se destacar aqueles que proliferam dentro das universidades como na Unicamp, a Escola de Artes Dramáticas da Universidade de São Paulo - USP, a Faculdade Paulista de Artes e também no Centro de Comunicação de Artes (Senac), e nas escolas teatrais como; Célia Helena, Macunaíma e Carmina Domus. Podemos contar com cursos livres também, como por exemplo: Casa do Teatro, Studio Cristina Mutarelli, Espaço do Ator, Oficina Cultural Oswald Andrade e muitos outros.
Devemos lembrar a importância que o valor dos artistas de teatro deram ao cumprir a tarefa de replicar e dar voz à cidadania. No entanto, a sombra do autoritarismo que teve no teatro a sua maior vítima ainda permanece. Ainda é possível perceber, dentro da comunicação, os resquícios de seus efeitos fatais.
(*) Carlos Aparecido dos Santos é bacharelado e licenciado em História pela Fundação Santo André - SP e professor de História no Ensino Médio no Instituto de Ensino de São Caetano do Sul.
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Queda de Preço HP: Notebooks a partir de R$ 1.399 - Submarino.com.br
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